Fraudes já chegam a R$ 100 milhões
Prefeito Walmir da Integral (PSD) foi afastado do cargo por falta de prestação de contas e é acusado de superfaturamento, fraude e peculato (Foto: Divulgação) |
O
prefeito de Parauapebas, Walmir Mariano, o “Walmir da Integral” (PSD), foi
afastado do cargo por oito dos quinze vereadores da Câmara Municipal. A
acusação contra ele é de não ter prestado contas dos exercícios de 2013 e 2014.
Mas
o que está causando furor no município são outras acusações, já em poder do
Ministério Público, que envolvem superfaturamento na compra, pelo Município, de
terrenos particulares de empresários que o ajudaram a se eleger, financiando a
campanha eleitoral de 2012.
Prefeito, Walmir da Integral, afastado |
As
denúncias misturam fraude em documentos públicos com peculato – crime que
incorre servidor público na obtenção de vantagem para si ou para outrem. Os
valores dessas negociações, na avaliação dos opositores do prefeito, alcançam
R$ 100 milhões.
Documentos
a que o Diário teve acesso, além dos negócios com terrenos, apontam
irregularidades nas licitações do município, onde geralmente uma única e mesma
empresa ganham.
Há
denúncia de que outros concorrentes são convidados a se retirar do processo de
licitação sob ameaças de morte. O prefeito também tem seu nome citado entre os
que teriam interesse na morte do advogado Souza, assassinado em Manaus, no
final do ano passado. O advogado, presidia a OAB de Parauapebas, tinha feito
várias denúncias contra a gestão de Walmir da Integral.
O
caso mais escabroso, porém, com provas já à disposição do Ministério Público –
que deve abrir processo por improbidade administrativa e consequente perda do
mandato -, envolve a venda de um terreno, conhecido por Residencial Vila Rica,
em março de 2013, por R$ 100 mil.
O
mesmo terreno foi revendido cinco meses depois por R$ 800 mil e, passados mais
quatro meses, vendido novamente, desta vez à prefeitura de Parauapebas, por
inacreditáveis R$ 15,4 milhões.
Foi
um negócio da China entre velhos amigos bancado com recursos do município. O
esquema teve a participação da secretária de Habitação da prefeitura,
Maquivalda Aguiar Barros, que assina a liberação do dinheiro.
Ela
é mulher do presidente da Câmara Municipal de Parauapebas, Ivanaldo Braz, cujo
papel na trama, segundo opositores, seria segurar a barra do prefeito no
parlamento caso o escândalo estourasse. O tiro, ao que parece, saiu pela
culatra.
Um
dos vereadores, para provar sua fidelidade ao prefeito, no dia da sessão em que
a Câmara Municipal iria debater e votar um pedido de afastamento de Walmir da
Integral do cargo, encerrou subitamente a sessão, trancou a sala de áudio da
casa e sumiu com as chaves. Um chaveiro foi contratado às pressas para abrir a
sala e dar prosseguimento à sessão.
Como
havia quorum, o caso do afastamento foi discutido e votado. O prefeito foi
afastado por oito votos. Os vereadores governistas haviam abandonado o plenário
e não votaram.
“O
prefeito ficará afastado do cargo até que o Judiciário diga se houve ou não
irregularidades na prefeitura”, afirmou o procurador de Justiça, Nelson
Medrado, que recebeu no MP um calhamaço de denúncias contra a gestão de Walmir
da Integral. Segundo Medrado, as investigações continuam e serão intensificadas
para apurar cada uma das irregularidades que recaem sobre o prefeito.
“Os
documentos obtidos pelo Ministério Público demonstram que ele (prefeito)
comprou um terreno por R$ 100 mil, mas nove meses depois vendeu o mesmo terreno
por R$ 15 milhões. Há crimes de peculato, fraude em licitações, tem tudo nesses
documentos”, comentou o procurador. Há o caso ainda de irregularidades na
construção de um hospital público.
Medrado
informou que o grupo de combate ao crime organizado, o Geproc, teve acesso aos
documentos dos cartórios e escrituras públicas, referindo-se especificamente ao
terreno adquirido junto ao empresário Hamilton Ribeiro. O terreno comprado por
R$ 100 mil tem área total de 46 hectares, mas a prefeitura desapropriou apenas
15 hectares, pagando R$ 15, 47 milhões, disse Medrado.
Foto e Fonte: Diario do Pará. Postador: Manancial de Carajás
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