segunda-feira, 3 de novembro de 2014

SEM PRIORIDADES

Para analistas, demandas das ruas ainda estão longe das prioridades de políticos
Especialistas se dividem sobre novas manifestações, mas dizem que movimentos sociais tendem a conduzir suas próprias reivindicações
Manifestações: demandas ainda estão longe da agenda política - Marcelo Piu / Agência O Globo
POR RENATO ONOFRE E TIAGO DANTAS

SÃO PAULO - O aumento da tensão nos centros urbanos e rurais desde as manifestações de junho de 2013 não alterou a agenda política brasileira, segundo analistas ouvidos pelo GLOBO. Para o cientista político e professor da PUC-SP Pedro Arruda, os governos não aprenderam a dialogar com os movimentos sociais:

— Os políticos, em geral, têm dificuldade para responder a esses protestos. Geralmente respondem de forma violenta e isso só inflama mais a população. Se, de um lado, você tem pessoas desarmadas, em outro há uma Tropa de Choque armada com bombas e cassetetes mostrando que não está disposta a dialogar — diz Arruda.

Contudo, de acordo com Nelson Rojas de Carvalho, cientista político, professor da UFRJ e pesquisador do Observatório das Metrópoles, apesar da falta de canal de diálogo entre manifestantes e poder público, dificilmente haverá grandes protestos.

— Acho difícil que ocorram, em 2015, protestos da extensão dos que aconteceram em 2013. Talvez ocorram manifestações em defesa de pautas mais específicas, como habitação, por exemplo. Me parece que, depois desse processo eleitoral, as pessoas estão mais politizadas e encontraram sua voz. Aqueles que são contra o PT se viram representados no PSDB. Ao mesmo tempo, a juventude se aproximou do PSOL. O sistema político limita a pauta, na medida que você defende ou se opõe ao governo — diz Carvalho.

— Depois das manifestações de junho, os movimentos tendem a conduzir suas próprias reivindicações. Esses grandes atos de rua são imprevisíveis. Você não sabe quando vai começar. E, depois que começa, você não sabe quando termina — pondera Arruda.

Arruda também cita a derrubada do decreto que criava os conselhos populares como um sinal de que ainda há uma distância entre as demandas das ruas e as prioridades daqueles que governam.

— Goste-se ou não, a proposta de criação dos conselhos populares era uma forma de atender ao pedido das ruas, aumentando a participação popular nas decisões. Já vejo atos sendo convocados a favor da reforma política. De repente, o próximo alvo das manifestações pode ser o Congresso — afirma Pedro Arruda.

Foto e Fonte: oglobo. Postador: Manancial de Carajás

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