sexta-feira, 29 de março de 2013

Intransigência x Intransigência = Impasse

Moraes Filho da redação do Manancial de Carajás, com informações do blog de Parsifal Pontes

 Nós, políticos, dizemos que a imprensa nos vilipendia: é verdade, mas é verdade que somos os fornecedores de matéria prima para o vilipêndio.

Os deputados sempre menosprezaram a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDH), entregando-a a partidos sem muque para se apropriar das “comissões importantes”.

A imprensa jamais acompanhou os trabalhos da CDH: só faz plantão nas “comissões importantes”, preenchidas com os “medalhões” do Parlamento.

> Todos são cúmplices

Com a eleição, combinada com todos os partidos, de Marco Feliciano (PSC-SP) para presidência da CDH, o Brasil descobriu que a comissão existe, mas tanto a intolerância do deputado quanto a intransigência dos manifestantes tornaram-se o foco e a CDH continua em segundo plano.

Se o PSC e o deputado Feliciano soubessem para que serve a CDH, aquele não o teria indicado e esse, mesmo indicado, não teria aceitado.

Os deputados não labutam pelo conteúdo das comissões, mas pela forma como elas alavancam o mandato: deter cargos nas comissões propicia propriedade de pautas, viagens patrocinadas e nomeação de assessores, portanto mais poder estrutural e pessoal.

> Sem restrições

A CDH objetiva “contribuir para a afirmação dos direitos humanos”. Entre esses está a afirmação das minorias e entre as minorias estão os gays.

Se um deputado tem restrições aos gays ele não está eticamente habilitado a presidir a CDH e não lhe elide a impossibilidade ética ser ele defensor de outras minorias, pois se há restrição a uma só delas o caldo está entornado.

> Acordo insano

Os líderes partidários aceitaram a pedida do PSC para que esse, composto na sua maioria por evangélicos, o que não é ilegal e nem ilegítimo, usasse a CDH como aríete contra a minoria gay, o que é antiético, pois nega um dos objetos do colegiado.

Questões de mérito se discutem no plenário. As comissões temáticas devem cumprir os seus papéis específicos e por isso devem ser presididas por quem se identifica com os seus temas, sem restrições a nenhum deles.

> O paradoxo de Feliciano

A intransigência do deputado Feliciano tem um objetivo: consolidar e potencializar o seu eleitorado. O objetivo está conseguido e ele deveria, diante do impasse, pedir para sair.

Todavia, Feliciano é vítima da própria intransigência: avalia que a sua renúncia pode ser interpretada pelo seu eleitorado como uma fraqueza diante do que deve defender, portando prefere ser “imolado” a correr do altar.

> Para os políticos, mais desgaste.

Com isso ele deita massa no caldeirão da opinião pública geral, que tem a mais lídima certeza de que nós, políticos, só pensamos em cargos e votos e somos sopa do mesmo caldo.

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