segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Desafio do Pará é buscar integração com as regiões de Carajás e Tapajós



No plebiscito realizado no domingo (11), a população do Pará decidiu que o Estado não deve ser dividido. Como mostram os dados finais da Justiça Eleitoral, divulgados na madrugada desta segunda-feira (12), 66% dos paraenses rejeitaram tanto a separação de Carajás quanto a separação de Tapajós. O resultado, entretanto, não encerrará a disputa política pela emancipação, uma vez que o sentimento pró-separação é fortíssimo nas duas regiões. 

Uma mostra desta situação foi dada pelo resultado do plebiscito em Santarém e Marabá, que seriam as capitais de Tapajós e Carajás, respectivamente. Na primeira, a separação foi aprovada por 98,6% dos eleitores. 

Em Marabá, 93,2% dos eleitores quiseram a separação. As reações das duas regiões começaram imediatamente após o anúncio do resultado. Em Santarém, a prefeita Maria do Carmo (PT) decretou luto oficial. Há setores que querem levar a capital paraense para o centro do Estado, para Altamira, por exemplo, onde ficará a hidrelétrica de Belo Monte. 

E tanto em Carajás quanto em Tapajós, políticos pensam em alternativas para que a próxima consulta popular seja feita apenas nas duas regiões, e não no Estado todo, como determinou o Supremo Tribunal Federal (STF) seguindo a Constituição. Giovanni Queiroz (PDT), o deputado federal que elaborou o projeto que culminou com o plebiscito, promete recomeçar a batalha na Câmara e atacou duramente o governo do Pará, em declarações ao portal UOL.

“[A relação com o governo estadual] vai ficar coisa nenhuma. Aqui é radicalização. O governo só sobrevive no sul porque os prefeitos mantém a gasolina para as delegacias, ajudam na Fazenda, na Justiça. Quem mantém o Estado aqui é o prefeito. O governo não repassa há três meses o dinheiro aos municípios. Isso acontece porque é governado por esses que aí estão”, afirmou.

O sentimento de abandono está presente também entre a população. Dois depoimentos coletados pela Agência Brasil mostram isso:
Para a pedagoga Magda Alves [de Marabá] os mais de 90% de votos da cidade a favor da criação do Estado de Carajás são o grito de uma região dizendo que precisa de atenção. “Tem que haver mudança na gestão pública, no direcionamento dos recursos, na maneira como nossos políticos eleitos se comportam em relação à nossa região, tudo isso tem que mudar”. A advogada Cláudia Chini disse, logo após o resultado, que “esse plebiscito demonstrou a indignação de uma população que está há décadas largada pelo descaso dos governantes”.

A frustração em Carajás e Tapajós ficou ainda mais intensa pois eles acusam o governador do Estado, Simão Jatene (na foto, votando no domingo), do PSDB, de entrar de cabeça na campanha para evitar a separação. Em declarações ao site oficial do governo, Jatene reconheceu que por trás do desejo de separação há “fundamento” e “sentimento genuíno” por uma qualidade de vida melhor, mas atribuiu as falhas do governo estadual aos problemas do Pacto Federativo, que estabelece a relação entre o governo federal e os Estados. 

Para o cientista político Roberto Corrêa, professor da Universidade Federal do Pará, não bastará ao governo Jatene culpar a falta de dinheiro e o Executivo federal pelo abandono das duas regiões.

O sentimento de rancor só pode ser superado se houver uma ação decisiva do governo do Estado em chamar as lideranças [de Tapajós e Carajás] e reinventar a administração pública regional.. Belém tem que ser agora muito cuidadosa na relação com Carajás especialmente, porque ela se identifica mais com Tocantins ou Goiás. O governo paraense vai ter que se descentralizar. Isso é evidente. ( Da Revista Época) 

12/12/2011

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