A paraense Eline Vieira (foto), juíza de direita da Comarca de Parauapebas comenta sobre as manifestações a respeito das criações dos Estados de Carajás e Tapajós:
 Fico muito preocupada com o rumo da campanha pró-Carajás, leio as pessoas se manifestando pela redivisão, apenas pela razão de que o sul e sudeste foi “colonizado” por goiano, mineiro, gaúcho, paulista e etc.
Ora, não é esse o objetivo e necessidade da redivisão do Estado.
Pouco importa se sou catarinense, paranaense, mineiro, ou se não torço pro Paysandu ou Remo, e daí?.
Sou paraense, torço pro Remo, mas também pro Botafogo do Rio de Janeiro, Palmeiras de São Paulo, e tenho simpatia pelo Internacional e o Cruzeiro.
Não passa por essas argumentações a razão da necessidade de redivisão do Estado.
Se assim o fosse, francamente, seria a primeira a ser contra a redivisão.
No passado a Turquia recebeu e abrigou os Curdos nas suas fronteiras em face da limpeza étnica que o Iraque de Saddam Hussein estava fazendo, exterminando com armas químicas os Curdos, e os que sobreviviam eram mortos se fossem homens, estupradas se fossem mulheres e crianças. Agora os Curdos estão pleiteando parte das terras da Turquia para formar um país deles.
Será que é essa a razão por que queremos a redivisão?
Discussões nesse sentido só enfraquecem a defesa da causa, afastando os muitos paraenses que a apóiam.
Irrelevante se a relação é mais estreita com outros Estados e não com Belém.
As cidades do sul e sudeste cresceram à despeito da ausência do Estado, aos trancos e barrancos, agora somos os “filhos ricos” do Pará, ao contrário do que ocorreu no Tocantins que era o “filho pobre” e portanto, foi mais fácil a sua criação, no seu inicio, houve uma debandada do servidores públicos do Estado de Goiás, muitas dificuldades, mas superadas.
No meu pensar, o que queremos é a presença constante do Estado, o retorno dos impostos pagos em estradas decentes, hospitais, escolas, universidades e segurança, itens raros por estas bandas.
Devemos esquecer de onde somos, nos focarmos no que queremos, não vamos criar ou recriar novos Goiás, Minas, Tocantins ou Maranhão, queremos um novo estado, o estado de Carajás.
É como penso.
Eline Vieira, paraense. blog do zedudu