Marco Feliciano fica na Comissão de Direitos Humanos
Em reunião nesta tarde com a bancada do PSC na Câmara, o
vice-presidente nacional do partido decidiu manter o pastor-deputado Marco
Feliciano (foto), na Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
Moraes Filho da redação do Manancial de
Carajás, com informações da UOL
O
vice-presidente nacional do PSC, Everaldo Pereira, afirmou na tarde desta
terça-feira (26), que após conversar com a executiva da legenda e com a bancada
do PSC na Câmara, decidiu manter o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP)
como presidente da CDH (Comissão de Direitos Humanos e Minorias).
"O
PSC não abre mão da indicação feita pelo partido. Avaliza e repito: não abre
mão da indicação feita. O deputado Marco Feliciano foi eleito por maioria dos
membros da comissão. Se ele estivesse condenado pelo Supremo [Tribunal
Federal], nem indicado seria. Feliciano é um deputado 'ficha limpa', tendo
então todas as prerrogativas de estar na presidência da Comissão de Direitos
Humanos e Minorias", diz a nota oficial lida por Pereira.
"Nós
do PSC entendemos que ele não é racista e nem homofóbico. O deputado Feliciano
já se desculpou por colocações mal feitas. Qualquer um pode deslizar nas
palavras, pode errar", diz Pereira na carta.
Marco
Feliciano chegou por volta das 15h à reunião da bancada. Questionado sobre a
possibilidade de renunciar, Feliciano desconversou e disse apenas "é só
olhar para meu rosto". Ele chegou escoltado por seguranças.
Um
grupo de cerca de 20 pastores de diversas denominações evangélicas acompanhou o
anúncio feito pelo PSC e ovacionaram o vice-presidente da legenda. Eles seguem
do gabinete até o plenário 13, onde esperam conversar com o pastor Feliciano.
Do
lado de fora da sala onde ocorreu a reunião do PSC, uma faixa trazia os dizeres
"E se Jesus renunciasse, o que seria do mundo? Marco Feliciano, não
renuncie, estamos com você. Assinado: povo cristão". A autora da faixa, a
pastora Edenilza Araújo, negou estar comparando o pastor a Jesus, "apenas
a pressão que está havendo em cima dele", declarou.
Everaldo
Pereira leu uma nota de três páginas na qual faz um histórico das coligações
feitas pelo PSC nos últimos anos, lembrando que o partido apoiou o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em meio a polêmicas sobre o fechamento
de igrejas e também a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que é negra, em duas
oportunidades em que ela foi candidata à prefeitura do Rio de Janeiro.
O
vice-presidente do PSC disse ainda que o partido é de paz, mas cobrou que as
lideranças dos partidos da Câmara respeitem a indicação do PSC e peçam aos seus
militantes que protestem de maneira respeitosa. "Não fazemos ameaças, mas
se for preciso convocar centenas de militantes que pensam como nós também vamos
convocar", declarou
Acusações
de homofobia e racismo
Feliciano
é criticado por afirmações de cunho racista e homofóbico que geraram
manifestações contrárias por parte de deputados na Câmara e protestos nas ruas
e em redes sociais. O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), chegou a dizer que a situação da CDH com Feliciano como presidente
estava "insustentável".
Algumas
das declarações do deputado motivaram denúncia do procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, no STF (Supremo Tribunal Federal).
No
início de março, depois de acordo entre os partidos políticos, o PSC ficou com
o direito de indicar o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da
Câmara e, em reunião fechada, Feliciano foi eleito.
Para
um grupo de deputados dentro da própria Câmara, Feliciano não teria
legitimidade para ocupar um cargo em uma comissão permanente que tem como
função analisar leis em proteção aos direitos humanos e em proteção às
minorias. Eles criaram, na semana passada, uma frente parlamentar paralela à
CDH.
Em
entrevista ao programa "Pânico na Band" veiculada no último domingo,
Feliciano disse que só renunciaria se morresse. O pastor disse que a escolha
dele frente à comissão foi colegiada e por meio de um acordo partidário, e
acordo "não se quebra". "Estou aqui por um propósito, fui eleito
por um colegiado. É um acordo partidário, acordo partidário não se quebra. Só
se eu morrer", afirmou.
Além
da denúncia de Gurgel sobre declarações polêmicas, Feliciano é réu em uma ação
penal por estelionato. Segundo a denúncia, o parlamentar recebeu, mas não
compareceu a um evento religioso no Rio Grande do Sul, em março de 2008.
O
STF intimou Feliciano a comparecer a um interrogatório no dia próximo dia 5 de
abril, às 14h30, para dar mais esclarecimentos sobre o caso a um juiz federal,
designado pela Suprema Corte.