Desajuste e desgoverno
Autor: Alexandre Garcia
Agora a presidente tenta desviar as
atenções, fazendo reuniões com ministros e governadores, como nesta semana.
Aparece em foto com o neto, anunciando que a filha está grávida, o que funciona
com a família real britânica. Com menos de 8% de aprovação, procura mostrar que
ainda tem a seu lado seus auxiliares e os governadores - que, aliás, não são
subordinados a ela, mas ao povo de seus estados. Tampouco está bem com o
Congresso. O presidente da Câmara já rompeu com o governo; o do Senado também
está distante. Aliás, nenhum congressista deve subordinação a outra pessoa que
não seja seu eleitor. Ela própria se enredou no nó que vem armando há mais de
quatro anos e agora não sabe como sair. Aliás, o que mais faz é se enredar em
seus próprios atos e palavras. Na recente reunião com ministros não petistas,
afirmou que a Lava-Jato derrubou o PIB em um ponto percentual, sem explicar o
cálculo. Poderia , em lugar disso, agradecer
à Lava-Jato por combater a corrupção que corrói o Brasil e seu PIB moral.
Como teme vaias nas viagens pelo país,
está viajando mais para o exterior, supostamente para fazer política externa.
Uma política presa ao Mercosul, aos bolivarianos, aos Brics. Política externa
principalmente presa à ideologia e não solta no pragmatismo. Na economia, foi
incapaz de diminuir o número de ministérios e de cargos comissionados. Os juros
e a inflação subiram e a atividade econômica continua em queda livre. Mas a dívida
pública continua em alta. Só no primeiro governo Dilma, subiu 1 trilhão 240
bilhões. A Nação paga, mas o governo não reduz o suficiente suas próprias
contas. É como se alguém ganhando mil reais por mês precisasse economizar 50
reais para pagar juros de suas dívidas, mas só consegue guardar 5 reais.
No princípio, era o desajuste. E o
desajuste fiscal habitou entre nós e nele semeou o desgoverno. Para tentar se
proteger, refugiou-se na bicicleta, na redução do peso corporal, na alienação
da realidade e na entrega da coordenação política ao seu vice - bem melhor que
os chefes do Gabinete Civil que, aliás, a sucederam no cargo: Erenice Guerra, Antônio
Palocci, Gleisi Hoffmann, Aloízio Mercadante. Deve ter ficado caveira de burro
enterrada por lá, depois que saiu José Dirceu. Já tivemos o binômio Energia e
Transportes de Juscelino; Segurança e Desenvolvimento, nos governos militares.
Agora temos o binômio Desajuste e Desgoverno.
Alexandre Eggers Garcia é um
jornalista, apresentador, comentarista de telejornais, colunista polÃtico e
conferencista brasileiro.