Dr. Ubirajara: “Segurança – Jatene deve dar uma satisfação à
sociedade”
Dr.
Ubirajara Bentes Filho denuncia descaso de Simão Jatene com Segurança Pública
Dr. Ubirajara Bentes e Governador Simão Jatene |
O aumento no índice da violência em
Santarém e em todo o Estado do Pará, resultando na morte de dois advogados este
ano, gerou críticas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), através da Subseção
de Santarém, relacionadas a administração do governador Simão Jatene (PSDB). De
acordo com o presidente da OAB/Santarém, Dr. Ubirajara Bentes Filho, o Pará é
muito grande, onde a ausência do Estado se torna presente nas mais diferentes
regiões, contribuindo para o crescimento da violência contra as mais variadas
classes da sociedade, como advogados, juízes, promotores e jornalistas. Para
ele, o Governador deve ser mais presente e ter a humildade de pedir ajuda do
Governo Federal para combater a onda de violência no Pará. Acompanhe os
principais detalhes da entrevista:
Jornal
O Impacto: Houve o assassinato de dois advogados neste ano no Estado do Pará.
Como está sendo feito o acompanhamento das investigações desses casos pela OAB?
Ubirajara
Bentes:
Nos últimos dois anos foram mais de uma dezena de advogados mortos por crime de
pistolagem. A situação está cada vez pior. A Polícia tem se mostrado
inoperante, no sentido de identificar e prender essas pessoas. Há mandados de
prisão que estão há dois anos sem serem cumpridos. Um colega foi morto em
Abaetetuba, sob mando do Prefeito e do pai do Prefeito, há quase dois anos.
Enquanto isso, as empresas deles estão crescendo. Em Santarém também ocorre a
insegurança da população. Embora acreditamos que a Polícia esteja melhor
aparelhada, ainda faltam recursos humanos para que o órgão possa dar conta de
elucidar os crimes. A OAB está clamando e pedindo uma solução para que se
resolva essa questão da violência não só para identificar e punir os assassinos
dos advogados, mas também para melhorar a segurança da população.
Jornal
O Impacto: Hoje tanto os profissionais de alto escalão quanto a demanda
reprimida da sociedade estão reféns da violência no Pará?
Ubirajara
Bentes:
Hoje, a população fica presa em sua casa, enquanto que o bandido exerce o
direito de ir e vir e, isso não pode acontecer! No próximo dia 19, o Conselho
da OAB vai se reunir em Belém, para analisar que providência irá tomar em
relação ao poder público estadual, no que diz respeito a essas mortes. A queixa
e a revolta dos advogados é muito grande. Todas as Subseções do Pará se
manifestaram contrárias a onda de violência. O vereador Ronan Liberal
apresentou um trabalho na Câmara cobrando uma solução, porque a população não
pode mais viver em insegurança.
Jornal
O Impacto: Esses crimes seriam uma forma de retaliação de um determinado grupo
relacionado à atuação dos advogados no Pará?
Ubirajara
Bentes: Não
seria uma organização, mas pessoas insatisfeitas com os resultados das questões
e dos processos, o que para eles é a única maneira de tentar calar os
advogados. Isso não vai solucionar, porque tombando um advogado virão outros.
Hoje, entre os membros da OAB, se mexer com um, mexeu com todos! Então, se
tombar um, outros vão se levantar na defesa da causa, que estava o companheiro
que foi morto.
Jornal
O Impacto: Além dos advogados, outras classes também sofrem com a onda de
violência, como juízes, policiais civis e militares, bem como jornalistas. O
que está acontecendo com o poder público, que não toma iniciativa para coibir
essa modalidade de crime?
Ubirajara
Bentes:
Todos sofrem com a violência! Todos são iguais e sofrem com isso. É o juiz, o
promotor de justiça, o defensor, o advogado, o empregado, o contador, o
jornalista e todas essas pessoas que vivem na sociedade, que estão na
insegurança. Diariamente, vemos os jornais locais, regionais e nacionais,
falando da situação da impunidade dos crimes, no Pará. Temos que acabar com
essa história, porque a Polícia deve ser mais eficiente e o Governo do Estado
deve adotar medidas, que possa coibir a violência contra os cidadãos, porque
não temos mais segurança de estar nas ruas e não conseguimos mais sentar nas
nossas calçadas e conversar em função da insegurança. É preciso que o Estado dê
um basta e seja mais presente. A ausência do Estado é constante tanto atrás das
grades, nos presídios quanto fora em relação à sociedade.
Jornal
O Impacto: Deveria haver um acompanhamento melhor por parte do Governo do Pará
em relação a essa onda de violência?
Ubirajara
Bentes:
Correto! O Estado deve realizar concursos públicos e preparar melhor seus
policiais, colocando-os em academias de Polícia, para que possam com
treinamento sair de lá e enfrentar essa bandidagem, que é o crime organizado. O
Estado precisa investir em recursos humanos. Em Santarém, quando a gente chega
na Delegacia, existe um mínimo de profissionais de plantão, nos finais de
semana. Às vezes para se substituir até o motorista de uma viatura é difícil.
Em alguns casos, tem a viatura, mas não tem quem possa dirigi-la. Alguns desses
profissionais têm uma carga de trabalho insuportável que ficam quase sem
condições de exercer bem a atividade. O Estado precisa estar mais presente e
dar uma satisfação à sociedade.
Jornal
O Impacto: O atual Governador tem condições de administrar um Estado que é
maior do que muitos países?
Ubirajara
Bentes:
O Estado tem que ver essa insegurança de um modo geral. O atual governador
Simão Jatene não tem condições de administrar o Estado do Pará. A máquina
administrativa não tem material humano para garantir a segurança da população.
Quando tem esse tipo de profissional, eles recebem um salário muito baixo. Até
o material é precário, como cheguei a ver coletes à prova de bala muito finos.
Não é justo o cidadão chegar a uma Delegacia para registrar uma ocorrência e
encontrar o local fechado. O Estado deve olhar e se voltar para a segurança
pública. Deve verificar, porque isso tudo é questão de planejamento e
administração e dar uma solução.
Jornal
O Impacto: A OAB vai entrar com algum processo contra o governador Simão Jatene
com relação à falta de segurança pública no Pará?
Ubirajara
Bentes:
É essa a discussão do dia 19 de novembro, na reunião do Conselho Subseccional,
em Belém. Santarém terá representantes na reunião e lá serão decididos quais
são os rumos que irão tomar. Esperamos que o Estado recorra ao Ministério da
Justiça para que venha intervir e colaborar com a Polícia do Pará na solução
desses problemas. Temos como exemplo, o governador de São Paulo, que pediu
força militar, para desobstruir as estradas, onde foi a Força Nacional. Por que
a Força a Nacional não pode chegar aqui no Pará e ajudar? Isso não é demérito
para ninguém. Se o Estado não tem condições de andar com as próprias pernas,
tem que recorrer à ajuda do Governo Federal.
Foto e Fonte: RG 15/O Impacto. Postador: Manancial de Carajás