Por Lima Rodrigues, de Curionópolis (PA)
Com o apoio do Batalhão de Choque da Polícia
Militar, por volta de 9h45 da manhã dessa sexta-feira (9) o presidente
da Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada, Valder
Falcão, reassumiu o comando da Coomigasp, cujo afastamento deveu-se à
invasão do prédio em 31 de outubro por alguns garimpeiros contrários ao
projeto da nova mina de Serra Pelada e que fazem oposição à atual
diretoria, alegando má gestão e corrupção. Valder, que era Diretor
Administrativo, assumiu o cargo após o afastamento do ex-presidente
Gesse Simão.
Com a presença de um Oficial de Justiça, o
mandado da juíza Eline Salgado, da comarca de Curionópolis, foi cumprido
sem nenhum incidente, levando em conta que os falsos líderes do
movimento de oposição já haviam deixado o local, permanecendo no prédio
apenas cerca de 10 garimpeiros que foram iludidos por eles.
Um chaveiro
foi convocado para abrir as portas externas e internas da cooperativa e
uma ocorrência policial foi registrada “após a constatação do sumiço de
documentos e equipamentos eletrônicos pelo Oficial de Justiça e pelos
diretores da Coomigasp”, conforme informou o Diretor Financeiro, Marcos
Poliplaca.
Após ter acesso ao prédio, sem nenhuma
comemoração ostensiva, a diretoria apenas orou o Pai Nosso em
agradecimento a Deus pela conquista da Coomigasp e pela determinação da
juíza Eline Salgado de anular a assembleia realizada dia 14 de outubro
em Serra Pelada pelo pequeno grupo opositor e por ela ter anulada,
também, a assembleia convocada para o dia 18 de novembro.
Segundo a decisão da juíza Eline Salgado, “não
havendo mais a liminar no Agravo de Instrumento, revigorou-se a liminar
concedida para a realização da assembleia do dia 14, ou seja, tornou
inválida a assembleia realizada, e por via de consequência a eleição de
nova diretoria, eis que se originou de árvore envenenada”.
A juíza disse ainda em sua decisão que a presente
ação se finda no impedimento da realização da assembleia geral.
“Entretanto, considero que os requeridos estão utilizando-se de má fé
processual, ao serem renitentes em cumprir a decisão deste Juízo, com
atitudes tumultuárias com vista a fomentar a discórdia entre os
associados, convocando novas assembleias sem qualquer permissão deste
Juízo e em desrespeito ao Termo de Ajustamento de Conduta – TAC –
assinado junto ao Ministério Público do Estado do Pará”.
A juíza Eline Salgado Vieira fez um alerta aos
invasores que estavam impedindo a volta da diretoria comandada por
Valder Falcão: “O histórico de agressões e mortes na Coomigasp já são
muitos, sendo que com a postura dos requeridos de, intencionalmente,
fomentar a discórdia entre os associados, a ponto de invadirem a
cooperativa e lá permanecerem, à despeito de terem se retirado, em
afronta a este Juízo, requer medidas energéticas para restabelecer o
estado democrático de direito”.
No dia anterior, isto é, na quinta-feira
(8), ao serem comunicados pelo oficial de justiça da decisão da juíza
Eline Salgado, os invasores do prédio da Coomigasp em Curionópolis
criticaram a decisão da juíza, alegando que “a mesma não determinava o
retorno da diretoria anterior ao não citar a reintegração de posse e que
a decisão continha falhas, cabendo recurso a justiça em Belém”.
Mas a
decisão da juíza Eline é bem clara e não cabe mais recurso.
“Estamos felizes com a retomada da Coomigasp e o
reinício dos trabalhos na cooperativa. A justiça foi feita e agora vamos
prosseguir o nosso trabalho com muita responsabilidade e seriedade, com
a fiscalização da empresa Work, que cuida de gestão financeira e com o
respaldo do Ministério Público do Estado do Pará”, afirmou Valder
Falcão, presidente da cooperativa.
Todos os diretores e delegados presentes ao ato
de retomada do prédio da Coomigasp criticaram os falsos líderes que
“mentiram para a classe, dizendo inclusive o absurdo que havia sido
encontrada uma pepita de 400 toneladas de ouro em Serra Pelada só para
enganar os garimpeiros e com isso levar um pequeno grupo até Serra
Pelada dia 14 de outubro para assembleia que não tinha validade
nenhuma”.
“Foi
uma luta, mas vencemos com o apoio da justiça, da Polícia Militar e da
maioria dos garimpeiros. Com esta decisão, poderemos a partir de agora
trabalhar com tranquilidade visando a produção de ouro ano que vem.
Até o
começo de 2013 vamos dar início às aberturas das contas bancárias do
garimpeiros para recebimentos de seus dividendos.
A partir de agora,
também, vamos trabalhar na organização da fiscalização com uma equipe de
profissionais da área de mineração para acompanhar os trabalhos dentro
do projeto Nova Serra Pelada”, afirmou o assessor especial da diretoria
da Coomigasp, Célio Sá de Sousa.
“O clima agora é de paz e vamos trabalhar para
que obtenhamos sucesso na produção mineral e todos os garimpeiros saiam
ganhando com a produção mineral a partir do ano que vem”, afirmou o
Diretor Administrativo, Pedro Gomes.
Estavam presentes ao ato de retomada do prédio da
Coomigasp, entre outros, o Diretor de Produção, José Ribamar, delegados
regionais, muitos garimpeiros que apoiam a atual diretoria e
funcionários da cooperativa. De acordo com a empresa Colossus, que fez
parceria com a Coomigasp, o início da produção mineral está previsto
para o primeiro semestre de 2013.
Foto e Fonte: blog do zedudu. Postador: Manancial de Carajás