INÉDITO: CÂMARA RESTABELECE MANDATO DE VEREADOR CASSADO
A Câmara Municipal de Marabá (CMM)
realizou Sessão Solene para retomada do mandato do ex-vereador Raymundo Olívio
Cardoso Rosa, que teve seu mandato cassado pela Ditadura Militar, em 13 de
junho de 1964.
A cerimônia foi presidida por Miguel
Gomes Filho, o “Miguelito”, e contou com a presença de familiares de Raymundo
Rosa e de dezenas de pessoas.
Família Rosa e vereadores, em sessão
histórica
|
Na abertura dos trabalhos, Miguelito
exaltou a atuação de Raymundo Rosa como político e cidadão, e disse que ele foi
uma das figuras mais emblemáticas que já conheceu.
A vereadora Júlia Rosa agradeceu aos
colegas vereadores pelo resgate da memória de seu pai, e pela retomada
simbólica do mandato de vereador, que ele havia perdido. “Agradeço de todo o
coração a deferência feita por você, Miguelito, de que eu falaria hoje em nome
de meus colegas. Mas meu coração hoje não tem outro sentimento que não seja de
gratidão a todos os vereadores”, disse Júlia.
A vereadora lembrou que quando tinha
13 anos, conviveu com a dor do fantasma de ter seu pai preso e sem a família
saber onde ele estava, e seu estado de saúde. “Vi minha mãe chorando pelos
cantos e assim pude compreender, ainda nova, a luta por uma sociedade mais
justa e pela garantia de lutar pelos direitos. Isso tudo nos impôs o sacrifício
e nos conduziu a um amadurecimento precoce”, disse Júlia, observando que
aprendeu a admirar seu pai, Raymundo Rosa, que não acumulou bens materiais, mas
deixou um legado de honradez, justiça e honestidade para os filhos.
Júlia Rosa lembrou que seu pai foi o
único vereador cassado por subversão ao Regime Militar na região Norte, e que
foi muito injustiçado em toda sua vida.
“Ele só subverteria a ordem se fosse
para lutar pelos direitos dos menos favorecidos. Tenho orgulho imenso de ser
filha de Raymundo Rosa e dona Afif”, destacou.
Também usou da palavra na cerimônia
Jurandir Porto Rosa, advogado aposentado que em Fortaleza-CE, outro
filho de Raymundo Rosa. Ele recebeu o título de Cidadão
Marabaense na mesma
Sessão Solene.
Com um discurso brilhante, que fez os presentes o aplaudirem de pé, Jurandir
considerou que a devolução do mandato de seu pai como vereador é um resgate da
justiça. “Foi preciso, para essa restituição justa, que a democracia vencesse a
ditadura, que a liberdade vencesse a opressão. A ditadura roubou o mandato do
Raymundo, enquanto a democracia o devolveu. Fui surpreendido com o fato de que
a Câmara resolveu me homenagear com o título de Cidadão Marabaense, pelo que
fico muito feliz com a comenda”, disse ele.
Abiancy Cardoso Rosa, representando o
prefeito João Salame, disse que talvez a nova geração pouco conheça a história
da Ditadura Militar. “Ela está sendo revolvida agora, não com o sentimento
derevanchismo, mas porque foi devolvido a meu tio, ainda que in memoriam, seu
mandato de vereador. Talvez as gerações atuais não consigam estabelecer vínculo
com o passado para mensurar o que representou a Ditadura Militar para a Nação e
nossa região, de forma específica. Ela teve um preço que custou vidas e
parabenizo a presidência dessa Casa por esse resgate”, enfatizou a primeira
dama.
Postador: Manancial de Carajás, com informações de Nilson Santos
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