Em novo texto, Reinaldo Azevedo escreve e mostra 'dois pesos e duas
medidas' que a mídia faz no caso Marco Feliciano e militantes gays
Moraes Filho da redação do Manancial de
Carajás, com informações da Guiame.com
No
artigo, ele deixa claro que não é a favor de algumas ideias de Feliciano, mas
reconhece o preconceito que ele sofre pelo fato de ser evangélico.
Confira alguns trechos do artigo de Reinaldo Azevedo:
A
rigor, isso aconteceu, e se gritou: “Escândalo!”. Um vídeo produzido por
aliados de Feliciano acusa seus desafetos, seleciona pronunciamentos polêmicos
de deputados que pedem a sua cabeça, aponta uma espécie de marcha contra os
valores da família etc. e tal. Algumas falas de parlamentares, selecionadas e
descoladas do contexto, podem parecer mais graves do que são. Mas pergunto:
fez-se coisa muito diferente com o pastor? Aquele tuíte em que ele teria
praticado racismo, por exemplo, foi devidamente contextualizado? Não se tentou
atribuir ali a um textinho infeliz um peso que obviamente não tem? Da mesma
sorte, indago: ser contrário ao casamento gay é necessariamente expressão de
“homofobia”? Em que mundo?
Eu
insisto num aspecto, que fazem questão de ignorar em nome da defesa da
“justiça”: há uma grande, uma gigantesca! diferença entre combater o que pensa
Feliciano e submetê-lo a verdadeiras milícias. O assédio não se limita ao
Congresso. Estão fazendo manifestações em frente aos templos de sua denominação
religiosa. Impedem ou perturbam o culto, mas asseguram: “Não é preconceito!”.
Não é? Em um dos vídeos, um grupo grita “saravá, saravá…” Pergunta óbvia: se um
grupo de evangélicos interromper um culto num
terreiro de umbanda ou candomblé, será ou não acusado de intolerância
religiosa?
A
liberdade existe também para os que pensam de modo diferente; a liberdade
existe também para os que achamos poucos inteligentes; a liberdade existe
também para aqueles que não julgamos à altura de determinados desafios. E
existe a liberdade para que nos manifestemos contra eles, mas dentro do escopo
democrático, e o que está em curso há muito rompeu a linha do razoável (ou
“rasoavel”, segundo a língua mercadante).
Se
a lógica da reparação de injustiças históricas e do direito das ditas minorais
não consegue conviver com a diferença e com a liberdade de expressão, então
estamos diante de uma forma particularmente perversa de ditadura. E não! Eu não
concordo com o que pensa Feliciano, como todo mundo sabe. Mas eu concordo com o
seu direito de dizer o que pensa: na sua Igreja, no Parlamento, na comissão, na
rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapé.
Observo
como arremate que o fato de alguém, exercendo a democracia, dizer coisas que
deploro não me faz aderir a suas tolices porque, afinal de contas, nascidas da
democracia. Da mesma sorte, o fato de autoritários dizerem coisas com as quais
concorde não me faz aderir ao autoritarismo virtuoso.
É
precioso tomar cuidado com o entusiasmo dos bons linchadores.
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