Conselho Federal de Medicina defende aborto até o 3º mês da gravidez
CFM defende interrupção da gravidez por vontade da mulher nesse
período
O
Conselho Federal de Medicina (CFM) e os 27 conselhos regionais de medicina
(CRMs) deliberaram, por maioria, apoiar a liberação do aborto por vontade da
gestante até a 12ª semana de gestação. O órgão vai enviar à comissão do Senado
responsável pela reformulação do código Penal documento em que sugere a
regulamentação do aborto nesse e mais três casos: quando houver risco à vida ou
à saúde da gestante, se a gravidez resultar de violência sexual e se for
comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incuráveis
anomalias que inviabilizem a vida independente, em ambos os casos atestado por
dois médicos.
O
presidente do CFM, Roberto d’Avila, ressalta que os conselhos de medicina não
defendem a descriminalização do aborto. O que eles sugerem é a ampliação dos
casos possíveis para se interromper a gravidez. Segundo o CFM, abortos
praticados fora dessas situações deverão ser penalizados.
—
É importante frisar que não se decidiu serem os Conselhos de Medicina
favoráveis ao aborto, mas, sim, à autonomia da mulher e do médico. Neste
sentido, as entidades médicas concordam com a proposta ainda em análise no
âmbito do Congresso Nacional — esclarece o presidente do CFM, Roberto Luiz
d’Avila.
A
decisão dos Conselhos de Medicina foi tomada por meio dos representantes das
entidades que participaram do I Encontro Nacional de Conselhos de Medicina
2013, realizado de 6 a 8 de março, em Belém (PA).
Do
ponto de vista ético, os médicos entendem que a legislação sobro o aborto do
Código Penal de 1940 é “incoerente com compromissos humanísticos e
humanitários, paradoxais à responsabilidade social e aos tratados
internacionais subscritos pelo governo brasileiro”.
Em relação aos aspectos
epidemiológicos e de saúde pública, concluiu-se que a prática de abortos não
seguros (realizados por pessoas sem treinamento, com o emprego de equipamentos
perigosos ou em instituições sem higiene) tem forte impacto sobre a Saúde
Pública.
Segundo
o CFM, o aborto é uma das maiores causas de mortalidade materna no país, sendo
evitável em 92% dos casos. Além disso, as complicações causadas por este tipo
de procedimento realizado de forma insegura representam a terceira causa de
ocupação dos leitos obstétricos no Brasil. Em 2001, ainda segundo o CFM, houve
243 mil internações na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) por curetagens
pós-abortamento.
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