Moraes Filho da redação do Manancial de
Carajás, com informações da Gospel +
A
Câmara dos Deputados funciona internamente à base de acordos políticos, e na
questão das comissões de trabalhos, os prazos para eleições de presidentes são
pré-estabelecidos. A eleição do pastor Marco Feliciano para a presidência da
Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) foi apenas uma entre as várias
eleições que ocorreram simultaneamente.
O
pastor Silas Malafaia publicou em seu site um texto questionando o barulho
feito em torno das polêmicas que Marco Feliciano havia se envolvido, deixando a
entender que o pastor evangélico estaria sendo usado como um personagem de
distração para desviar a atenção de outros deputados com currículos
questionáveis e que foram eleitos para presidir comissões importantes.
“Ao
mesmo tempo que o pastor Marco era empossado na CDHM, dois deputados do PT,
José Genoíno e João Paulo Cunha, ambos condenados pelo Supremo Tribunal Federal
no crime do mensalão, foram empossados na mais importante comissão da Câmara
dos Deputados, que é a Comissão de Constituição e Justiça. Eles precisavam
desviar da sociedade o foco deste fato, e como têm poder na mídia, e como todo
mundo sabe que a mídia não é a nosso favor, juntou a fome com a vontade de
comer para que a sociedade não perceba que dois condenados do PT participam da
mais importante Comissão da Câmara”, escreveu Malafaia.
Um
terceiro político envolto em escândalos, o deputado federal João Magalhães
(PMDB), que enfrenta acusações de desvio de verbas e teve seus bens congelados
por ordem da Justiça Federal de Governador Valadares, que decretou em dezembro
de 2012, o bloqueio de R$ 14 milhões do deputado, foi indicado para a Comissão
de Finanças e Tributação.
Um
dos maiores conflitos de interesses aconteceu na Comissão de Meio Ambiente,
Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle do Senado, onde o ex-governador
do Mato Grosso Blairo Maggi (PR) foi eleito como presidente. Blairo é um
ruralista e um dos maiores produtores de soja do Brasil.
O
professor de ética e filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Roberto Romano, declarou ao UOL que essas indicações comprometem a
credibilidade do poder legislativo: “Os parlamentares estão colocando, em longo
prazo, um prego no caixão da democracia. Se ao menos houvesse agora adversários
[do regime democrático] do lado de fora pregando fim do poder… Mas são eles
mesmos, lá dentro, que estão conduzindo o cortejo fúnebre da ordem
democrática”, criticou.
Roberto
Romano critica ainda o Partido dos Trabalhadores, por suas escolhas, já que
antes de Feliciano, quem presidia a CDHM era um parlamentar petista: “O PT, por
exemplo, tem em seu estatuto a obrigação de defender os direitos humanos, mas
escolheu outras comissões.
O
que pode ser mais importante na defesa de um país do que mulheres que são
mortas dentro de casa, empresas que mantenham trabalho escravo ou crianças
sendo estupradas? É interessante notar não apenas quem assumiu essa comissão,
mas aqueles todos que abriram mão dela”, pontuou.
O
pastor Silas Malafaia seguiu a mesma linha de raciocínio: “Durante 16 anos o
Partido dos Trabalhadores (PT) presidiu a CDHM. Nesse período, esta comissão
foi usada tremendamente para apoiar a causa do ativismo gay. Por motivos
inconfessáveis eles não a quiseram mais, e, na partilha política, a comissão
ficou com o Partido Social Cristão (PSC)”.
Muito
se questionou a respeito da indicação do pastor Marco Feliciano e pouco se
falou a respeito dos parlamentares que se já não estão condenados, enfrentam
processos com congelamento de bens e que agora integram importantes comissões
no Congresso.
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