O
presidente afastado pela Justiça da Cooperativa de Mineração dos
Garimpeiros de Serra Pelada (COOMIGASP), Gessé Simão, negou em
entrevista qualquer irregularidade na aplicação de R$ 19 milhões
repassados pela Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral – a
joint venture originada da associação da Coomigasp com a mineradora
canadense Colossus -, afirmando que os recursos são utilizados nos
custos operacionais da entidade, pagamento de fornecedores,
funcionários, viagens, diárias e deslocamento de milhares de garimpeiros
de suas regiões para Curionópolis, principalmente durante as
assembleias gerais.
A COOMIGASP possui 36 mil filiados e as mobilizações, que implicam em
frete de centenas de veículos, chegam a consumir R$ 2 milhões apenas em
uma assembleia, segundo explicações do presidente.
Para ele, as
questões levantadas pelo Ministério Público serão respondidas dentro do
processo judicial. Também promete provar que não há nada de errado e
garante ter a consciência tranquila. “Eu faria tudo novamente, porque o
dinheiro é gasto com os garimpeiros”, declarou Gessé Simão.
Ele explica que nas assembleias são contratados 550 ônibus, 160 vans e
29 micro-ônibus para levar de suas cidades de origem até Curionópolis
os garimpeiros que participam das assembleias. A alimentação também é
bancada pela Coomigasp. No dia das reuniões, a cidade de Curionópolis
fica lotada. O presidente observa que não há no Brasil nenhuma
assembleia de trabalhadores que reúna tanta gente para deliberar
assuntos de seu interesse como a dos garimpeiros de Serra Pelada.
Os associados da COOMIGASP em sua maioria são homens que vivem no
Maranhão, mas também há muitos que residem no Piauí, Tocantins e em
outros estados. Por conta disso, ainda de acordo com o dirigente da
entidade, os custos de toda essa mobilização são elevados.
Gessé Simão
argumenta que, pelo fato de os garimpeiros serem pessoas pobres, que
muitas vezes sequer têm dinheiro para transporte e alimentação, a
cooperativa se responsabiliza por tudo. “Antes, o garimpeiro tinha que
vender o botijão de gás de sua casa para comprar a passagem e poder
comparecer a uma assembleia da cooperativa, que reunia sempre poucas
pessoas.
Hoje, não. Isso mudou e muito. Conseguimos reunir 20 mil
garimpeiros em uma assembleia e isso deu representatividade e
legitimidade às decisões tomadas pela nossa diretoria”, disse o
presidente. Ele garantiu que as contas da entidade estão em ordem e
foram aprovadas pelo Conselho Fiscal.
A respeito da acusação do Ministério Público de que o desvio de
recursos pode alcançar R$ 27 milhões, ele contesta a informação,
assinalando que reconhece ter sido feito repasse de R$ 19 milhões à
Coomigasp.
Ao ser perguntado qual a razão de o dinheiro ter sido
depositado em contas de pessoas físicas da diretoria e não na conta da
pessoa jurídica da cooperativa, Gessé respondeu que isso ocorre desde
gestões passadas “ainda na época do Curió” – Sebastião Curió,
ex-manda-chuva em Serra Pelada, entronizado no garimpo por conta de sua
fidelidade à ditadura militar de 1964.
Segundo o presidente, diretorias
anteriores, controladas por Curió, aceitaram dívidas da cooperativa até
com empresas “fantasmas”, o que hoje inviabiliza os depósitos.
Com relação à mineradora Colossus, parceria da Coomigasp no projeto
de exploração do ouro, o presidente informou que tem mantido
divergências, porque faltam informações que ele tem cobrado, sem
respostas positivas, sobre o começo da produção do minério e o real
tamanho das reservas de ouro nos 800 hectares cujos direitos de
exploração estão em poder da Coomigasp. Além disso, quer da Colossus um
adiantamento de pagamento aos mais de 36 mil garimpeiros.
Foto e Fonte: Diário do
Pará Postador: manancial de carajás
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