Tenho vergonha de ser juiz, mas não perco a garra e nem me dobro
ao cansaço
Artigo do juiz João Batista Damasceno, doutor em Ciência
Política e juiz de Direito do TJ do RJ
Juiz João Batista Damasceno |
Tenho
vergonha de dizer que sou juiz. E não preciso dizê-lo. No fórum, o lugar que
ocupo diz quem eu sou; fora dele seria exploração de prestígio. Tenho vergonha
de dizer que sou juiz, porque não o sou. Apenas ocupo um cargo com este nome e
busco desempenhar responsavelmente suas atribuições.
Tenho
vergonha de dizer que sou juiz, pois podem me perguntar sobre bolso nas togas.
Tenho
vergonha de dizer que sou juiz e demonstrar minha incompetência em melhorar o
mundo no qual vivo, apesar de sempre ter batalhado pela justiça, de ter-me
cercado de gente séria e de ter primado pela ética.
Tenho
vergonha de dizer que sou juiz e ter que confessar minha incompetência na luta
pela democracia e ter que testemunhar a derrocada dos valores republicanos, a
ascensão do carreirismo e do patrimonialismo que confunde o público com o
privado e se apropria do que deveria ser comum.
Tenho
vergonha de dizer que sou juiz e ter que responder porque — apesar de ter
sempre lutado pela liberdade — o fascismo bate à nossa porta, desdenha do
Direito, da cidadania e da justiça e encarcera e mata livremente.
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Postador: Manancial de Carajás, com informações da revista Consultor Jurídico
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