Escutas revelam esquema de fraude na Câmara de Parauapebas-PA
Camara de Parauapebas |
Escutas
telefônicas autorizadas pela Justiça revelam o funcionamento de um esquema de
fraudes para desvio de dinheiro público que envolvia empresários e a Câmara
Municipal de Parauapebas, no sudeste do Pará. O caso vem sendo apontado como o
mensalão do Pará.
As
investigações do Ministério do Público do Pará duraram oito meses e o promotor
de Justiça Hélio Rubens explica que o dinheiro obtido de forma fraudulenta era
dividido entre o empresário Edmar Cavalcanti, apontado como operador do
esquema, o presidente da Câmara, José Neto Feitosa, e vereadores. Porém, o
presidente da Câmara disse que nunca participou e nem tomou conhecimento de
qualquer irregularidade e que todas as compras realizadas para atender à Câmara
teriam sido feitas por licitação e dentro da lei.
Já
o advogado informou que não irá se manifestar. O prefeito de Parauapebas
afirmou que está colaborando com as investigações.
“Esses
recursos iam para o Edmar, dali o Edmar repassava para o presidente, e o
presidente era o responsável por repassar esse dinheiro para os vereadores.
Havia uma espécie, pelo menos nesses dois contratos, contrato de alimentos e de
fornecimento de veículos, havia uma espécie de mensalão”, detalha.
Vereador
Odilon Rocha estaria entre os políticos
envolvidos
na fraude.
(Foto:
Reprodução/Rede Liberal)
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Para
o Ministério Público, Odilon Rocha está entre os vereadores que participaram do
esquema de fraude. Ele reclamou do salário de R$ 10 mil e disse, no plenário,
que o valor mal dava para se sustentar sem ser corrupto. O vereador e o
empresário foram presos no mês passado durante uma operação que envolveu o MP e
a Polícia Federal. O advogado de Odilon Rocha não quis comentar o caso.
“Em
Parauapebas, há um grupo de empresários que financia campanhas de políticos, de
vereadores e do próprio prefeito e que após a eleição, todos os contratos são
direcionados para esse grupo”, afirma Nélson Medrado, procurador do Ministério
Público do Estado.
“Trinta
mil reais de requeijão”
Segundo
o Ministério Público, em um dos trechos da gravação telefônica, o empresário
Edmar Cavalcanti, que é dono de um supermercado no município, negocia com um
dos envolvidos no esquema o fornecimento de notas fiscais frias para a Câmara
Municipal de Parauapebas. Segue o diálogo:
Homem:
“Eu falei com o Tiago aqui, o Tiago me disse que é porque dentro dos itens que
tem, diz que tem um valor, que dá pra ter margem pra mexer com isso. São
produtos mais caros, os outros é mixaria. Eu preciso que você me traga (as
notas)”.
Edmar:
“Depois eu vou aí conversar com você pessoalmente”.
Homem:
“Não, eu quero aquelas notas das coisas que a gente recebeu, entendeu?”.
Edmar:
“Eu vou levar pra você”.
De
acordo com as investigações, o supermercado do empresário venceu uma licitação
em 2013 e enviava para a Câmara material de limpeza, copos descartáveis e papel
higiênico. Mas o que constava nas notas fiscais superfaturadas eram toneladas
de alimentos, como queijo, presunto, frutas, biscoito e café.
“A
Câmara empenhou uma tonelada e meia de frutas. Ela comprou mais sete mil caixas
de suco. Não obstante isso, foram mais de oito toneladas de café e capuccino”,
explica o promotor Hélio Rubens.
Em
outro trecho da conversa, o envolvido reclama com Edmar sobre uma das notas.
Homem:
“Eu tô olhando a nota que tu mandou aqui, véio. Vou dar uma mexida nesse
trem
aqui… Tu botou 9.494 de requeijão, véio. Trinta mil reais só de requeijão.”
Outro
contrato entre a Câmara e uma locadora de veículos, representada por Edmar
Cavalcanti também levanta suspeita. O contrato prevê o aluguel de 240 carros
durante dois anos. A Câmara, que tem apenas 15 vereadores, teria pago mais de
R$ 1 milhão e trezentos mil para a locadora.
Postador: Manancial de Carajás, com informações da Globo.com
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