Datafolha: 62% reprovam o governo Dilma
Popularidade da presidente caiu em todos os segmentos sociais e
em todas as regiões do país
POR
TATIANA FARAH
SÃO
PAULO - Mais do que amargar a segunda pior avaliação de um presidente desde as
eleições diretas de 1989, a presidente Dilma Rousseff viu sua aprovação
praticamente se desintegrar entre o eleitorado que sempre foi mais favorável ao
PT. Segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta quarta-feira, o
governo da petista é avaliado apenas por 13% dos entrevistados como “bom e
ótimo”, contra 62% de “ruim e péssimo”. Em dezembro, pouco antes da posse do
segundo mandato, esse último índice era de 24%. Em fevereiro, chegou a 44%.
Dilma vive agora seu pior momento no poder. Sua popularidade piorou, sobretudo,
entre os eleitores com menor renda e escolaridade, segmentos onde teve mais
votos.
Entre
os eleitores que ganham até dois salários-mínimos, a aprovação caiu de 50%, em
dezembro, para 15% e a reprovação subiu de 19% para 60%. O cenário é ainda pior
entre os eleitores com renda familiar entre dois e cinco salários mínimos,
faixa que concentra a classe C, também chamada de nova classe média: a
reprovação aumentou de 33% para 66%. É uma taxa maior até que a de “ruim e
péssimo” dos eleitores das faixas de renda maior, que ficou em 65%.
No
Norte e Nordeste, onde o PT tem mais eleitores, Dilma vive uma situação inversa
à de dezembro passado, quando encerrou seu primeiro mandato. No Norte, de 52%
de “ótimo e bom” e 20% de “ruim e péssimo”, o cenário mudou para 51% de reprovação
contra apenas 21% de aprovação. No Nordeste, a equação 53% de aprovação e 16%
de reprovação se inverteu para 16% de “bom e ótimo” e 55% de “ruim e péssimo”.
A margem de erro é de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
President Rousseff - Jorge William /
Agencia O Globo Globo
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Dilma
teve o pior resultado de um presidente no cargo desde 1992, quando Fernando
Collor era rejeitado por 68% às vésperas do impeachment. O diretor do
Datafolha, Mauro Paulino, afirmou que o cenário é “raro de ser ver”, mas o mais
preocupante é a queda entre setores que tradicionalmente apoiam o governo.
—
Não se sabe se esses setores vão aderir aos protestos. É uma reação que deve
ser observada nos próximos meses — analisou Paulino, que atribuiu a perda de
apoio à crise econômica e ao medo do desemprego. — Some-se a isso as fartas
denúncias de corrupção.
O
levantamento do Datafolha, feito esta semana, aponta que 60% estão pessimistas
sobre a economia. A nota atribuída ao desempenho da presidente ficou em 3,7,
numa escala de 0 a 10. Em fevereiro, a nota foi 4,8. Em guerra com o Planalto,
o Congresso Nacional também é mal avaliado. Apenas 9% classificaram o
desempenho dos parlamentares como “ótimo ou bom”.
—
A pesquisa não surpreende, diante de um governo completamente perdido em sua
frente política. Há uma piora muito clara da situação econômica e uma
frustração de expectativa dos eleitores. As manifestações de 2013 já eram
sintomas dessa perda de confiança — analisa o cientista político Cláudio Couto,
da FGV-SP.
Para
Carlos Melo, do Insper, a saída para Dilma é difícil:
—
Ela precisa dar respostas rápidas na economia, conter o desemprego. E esse é
justamente o maior desafio.
Para
o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, a pesquisa era previsível e o
momento pede “calma e tranquilidade”. O ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, disse que, ao longo de quatro anos, a presidente tem condições de
virar o jogo:
—
A pesquisa é uma fotografia, que registra o momento. A realidade muda. É um
momento que deve ser analisado, de reflexão, mas não aprisiona a realidade.
O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que os números retrataram
as manifestações de domingo:
—
E alguém tinha alguma expectativa diferente? Precisa saber como o governo vai
reagir.
Foto e Fonte: oglobo.globo.com. Postador: Manancial de Carajás
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