Delator revela acerto prévio de preços nas obras de Belo Monte
Executivo diz que
houve combinação dos vencedores de licitação
Vista aérea da usina de Belo Monte - AFP Photo/30-05-2012 / Evaristo Sa
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SÃO
PAULO — As investigações da Operação Lava-Jato chegaram à usina hidrelétrica de
Belo Monte, no Pará. No acordo de delação premiada assinado com o Ministério
Público Federal, o empresário Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, acionista do
grupo Toyo Setal, comprometeu-se a entregar à força-tarefa do Ministério
Público informações detalhadas e documentos sobre “todos os fatos relacionados
a acordos voltados à redução ou supressão de competitividade, com acerto prévio
do vencedor, de preços, condições, divisão de lotes, etc, nas licitações e
contratações” realizadas para a construção da hidrelétrica.
Em
junho passado, foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal a
contratação, pela empresa Norte Energia, da Toyo-Setal Empreendimentos, da
Engevix Engenharia e da Engevix Construções por R$ 1,038 bilhão, para montagem
eletromecânica da usina. Do início das obras, em 2010, até o ano passado, o
BNDES já havia repassado R$ 9,8 bilhões a título de financiamentos para a obra.
Os investimentos acumulados somavam R$ 13,3 bilhões. O valor orçado para a obra
já subiu dos R$ 16 bilhões iniciais para R$ 28,9 bilhões.
Mendonça
Neto afirmou que os preços apresentados na licitação inicial haviam sido considerados
altos pela Norte Energia, que decidiu, então, convidar outras empresas a
participar da obra. Inicialmente, a convidada foi a construtora MPE, que chamou
a Toyo Setal para ingressar no consórcio. O segundo consórcio foi formado pelas
empreiteiras Engevix e UTC. Mas, segundo Mendonça Neto, houve novamente
discordância no preço, e a Norte Energia chamou todas as empresas para
conversar.
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Foi
então que a UTC desistiu da obra. A MPE, que atravessa dificuldades financeiras
e é acusada de causar prejuízo de quase R$ 1,5 bilhão à Petrobras em sua
atuação no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), também saiu de
Belo Monte. Mendonça Neto afirmou que foi a própria Norte Energia, então, que
sugeriu a associação entre a Engevix e a Toyo Setal, e ainda discutiu com as
duas o preço a ser pago.
Todas
as empresas convidadas a participar da obra da UHE de Belo Monte estão
envolvidas no escândalo de desvio de recursos na Petrobras. O vice-presidente
da Engevix, Gerson de Mello Almada, está preso na carceragem da Polícia Federal
em Curitiba. Almada foi apontado por outros diretores da empresa como o
responsável pelo cartel, e na sala dele foram apreendidos documentos que
comprovam o acerto prévio entre as empreiteiras nas licitações.
A
Engevix também fez depósitos para empresas de fachada controladas pelo doleiro
Alberto Youssef e também para a Costa Global, que pertence ao ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa.
Outra
empresa envolvida na Lava-Jato, a Galvão Engenharia, fez parte do consórcio
inicial que disputou Belo Monte. Entrou em julho de 2010 e saiu em novembro de
2011, com um ganho de quase R$ 1 bilhão.
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Postador: Manancial de Carajás
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