Para analistas, demandas das ruas ainda estão longe das prioridades
de políticos
Especialistas se
dividem sobre novas manifestações, mas dizem que movimentos sociais tendem a
conduzir suas próprias reivindicações
Manifestações: demandas ainda estão longe da agenda política - Marcelo Piu / Agência O Globo |
POR
RENATO ONOFRE E TIAGO DANTAS
SÃO
PAULO - O aumento da tensão nos centros urbanos e rurais desde as manifestações
de junho de 2013 não alterou a agenda política brasileira, segundo analistas
ouvidos pelo GLOBO. Para o cientista político e professor da PUC-SP Pedro
Arruda, os governos não aprenderam a dialogar com os movimentos sociais:
—
Os políticos, em geral, têm dificuldade para responder a esses protestos.
Geralmente respondem de forma violenta e isso só inflama mais a população. Se,
de um lado, você tem pessoas desarmadas, em outro há uma Tropa de Choque armada
com bombas e cassetetes mostrando que não está disposta a dialogar — diz
Arruda.
Contudo,
de acordo com Nelson Rojas de Carvalho, cientista político, professor da UFRJ e
pesquisador do Observatório das Metrópoles, apesar da falta de canal de diálogo
entre manifestantes e poder público, dificilmente haverá grandes protestos.
—
Acho difícil que ocorram, em 2015, protestos da extensão dos que aconteceram em
2013. Talvez ocorram manifestações em defesa de pautas mais específicas, como
habitação, por exemplo. Me parece que, depois desse processo eleitoral, as
pessoas estão mais politizadas e encontraram sua voz. Aqueles que são contra o
PT se viram representados no PSDB. Ao mesmo tempo, a juventude se aproximou do
PSOL. O sistema político limita a pauta, na medida que você defende ou se opõe
ao governo — diz Carvalho.
—
Depois das manifestações de junho, os movimentos tendem a conduzir suas
próprias reivindicações. Esses grandes atos de rua são imprevisíveis. Você não
sabe quando vai começar. E, depois que começa, você não sabe quando termina —
pondera Arruda.
Arruda
também cita a derrubada do decreto que criava os conselhos populares como um
sinal de que ainda há uma distância entre as demandas das ruas e as prioridades
daqueles que governam.
—
Goste-se ou não, a proposta de criação dos conselhos populares era uma forma de
atender ao pedido das ruas, aumentando a participação popular nas decisões. Já
vejo atos sendo convocados a favor da reforma política. De repente, o próximo
alvo das manifestações pode ser o Congresso — afirma Pedro Arruda.
Foto e Fonte: oglobo. Postador: Manancial de Carajás
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