Tribunal de Justiça julga apelação contra decisão que inocentou acusado de ser o mandante das mortes |
Nessa terça-feira, 22, será julgado em Belém,
pelo Tribunal de Justiça, a apelação do Ministério Público contra a decisão do
Tribunal do Juri de Marabá que soltou o fazendeiro José Rodrigues, acusado de
ser o mandante do assassinato das lideranças extrativistas e ambientalistas
José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, ocorrido em maio de 2011, em
Nova Ipixuna, no interior do estado.
O Ministério Público do Estado e a assistência
de acusação ingressaram com apelação para anular a decisão do tribunal do juri
que absolveu o réu José Rodrigues. Segundo explica José Batista Afonso,
advogado da Comissão Pastoral da Terra, assistente de acusação, o argumento
principal “é que os jurados decidiram contrariando as provas existentes nos
autos.”
Entre as provas que teriam sido ignoradas, há
vestígios de DNA do irmão do acusado encontrado em um capuz, ao lado do local
do crime, e diversas provas testemunhais que envolveriam José Rodrigues como
mandante. Seu irmão, Lindonjonson Silva, foi condenado pelo crime de
assassinato por encomenda, junto de Alberto Nascimento.
No entanto, os jurados,
por quatro votos contra três, decidiram que Rodrigues não teria participado
dessa empreitada criminosa. Após ser solto, o acusado voltou a viver no
assentamento Praia Alta Piranheira. Laisa Santos Sampaio, irmã de Maria, ameaçada
de morte pela família do fazendeiro, passou a receber proteção federal.
Um dos pontos polêmicos do julgamento foi
quando Rodrigues passou a chorar em seu depoimento e a proferir um culto
evangélico – o que teria provocado emoção entre ao menos dois jurados, que se
sensibilizaram pelas suas palavras ao dizer que havia pedido “perdão à Deus” e
que não poderia ser separado de sua família.
Durante o julgamento, uma das testemunhas foi
ameaçada de morte, e o juiz Murilo Lemos Simão, ao ler sua sentença, considerou
que o casal assassinado teria “contribuído para o crime” em razão de seu
“comportamento”.
Caso seja anulado o julgamento, o advogado da
CPT, Batista, afirma que irão ingressar com o pedido de desaforamento, “para
que o novo julgamento ocorra em Belém e não mais em Marabá. Caso o tribunal não
acate nosso recurso recorreremos ao STJ”.
Familiares do casal assassinato estarão em
Belém para acompanhar a decisão. Claudelice Santos, irmã de Zé Cláudio, diz
esperar por Justiça: “Justiça pela anulação daquele primeiro julgamento imoral.
Para nós, mataram eles de novo”.
Nesse ano, o judiciário paraense condenou, em
duas situações, acusados de crimes simbólicos no violento sul do Pará. Em 30 de
abril, o fazendeiro Décio José Barroso Nunes, o Delsão, foi culpado pelo crime
de homicídio duplamente qualificado de José Dutra da Costa, o Dézinho, então
presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, em 2000,
quando foi morto por pistoleiros, e condenado a 12 anos.
Alguns dias depois, em
9 de maio, o julgamento da Chacina da Fazenda Princesa, que levou 29 anos para
chegar ao Juri, condenou a 130 anos o fazendeiro Marlon Lopes Pidde, 65 anos,
junto de seu capataz, Lourival Santos da.
Fonte>Carta Capital. Postador: Manancial de Carajás
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