Comerciantes
de Altamira são acusados de submeter
trabalhadores bolivianos ao trabalho
escravo
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Dois comerciantes foram denunciados à
Justiça por terem submetido trabalhadores bolivianos a condições semelhantes às
de escravos em um restaurante de Altamira, no sudeste do Pará. A denúncia,
feita pelo Ministério Público Federal (MPF) e encaminhada à Justiça Federal
ontem, também registra que direitos trabalhistas de funcionários brasileiros
foram violados.
Caso sejam condenados, os acusados
podem pegar até oito anos de reclusão e multa pelo crime de submissão a
trabalho escravo e detenção de até dois anos, além de multa, pela frustração de
direitos trabalhistas.
Assinada pela procuradora da República
Thaís Santi Cardoso da Silva, a denúncia relata que Fernando Darnich Yale Alvis
e Leila Moura De Yale, responsáveis pelo restaurante Panela de Barro, aliciaram
as duas vítimas do trabalho escravo em Puerto Villa Ruel, na Bolívia. Segundo o
MPF, as vítimas foram trazidas ao Brasil em fevereiro de 2013 pelos
denunciados, que teriam prometido bons salários, moradia, alimentação e bens de
consumo, sem custos para os trabalhadores.
Ainda de acordo com o MPF, as
condições encontradas foram totalmente diferentes das prometidas: as vítimas eram
submetidas a jornadas de trabalho superiores a 18 horas diárias, sem período de
descanso ou dias de folga. Uma delas, diz o MPF, residia no próprio local de
trabalho, no depósito do restaurante, junto com sucatas, restos de alimentos,
botijões de gás, ratos e baratas.
As vítimas, de acordo com o MPF,
acabaram ficando em dívida com os denunciados, o que impedia os bolivianos de
deixar o restaurante. “A repulsa que causa esse delito reside na coisificação
do ser humano, que no presente caso se soma à vulnerabilidade das vítimas,
retiradas de seu país para servirem no limite da exaustão aos agentes
denunciados, sem possibilidade de retornar aos locais de origem”, criticou a
procuradora da República na ação judicial.
As vítimas brasileiras, segundo a
denúncia, não tiveram a carteira de trabalho registrada. Os acusados enganavam
as funcionárias dizendo que estavam impossibilitados de fazer as anotações nas
carteiras porque havia muita burocracia para a realização dos registros.
Foto: Divulgação. Fonte: Diário do Pará. Postador: Manancial de Carajás
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