“Brasil é o país do tapinha nas costas”, diz Joaquim Barbosa
O
presidente do STF e relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, em
entrevista ao canal GloboNews
Presidente do STF Joaquim Barbosa |
O presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), ministro Joaquim Barbosa, disse que o “Brasil é o país dos conchavos,
do tapinha nas costas” na madrugada de domingo (23) em entrevista ao canal
GloboNews.
Barbosa disse que não pretende se
candidatar a cargo político em 2014 – ele já negou que iria tentar a Presidência –– mas não descartou investir na vida política durante as próximas
eleições. “Recebo inúmeras manifestações de carinho, pedido de cidadãos comuns
para que me lance nessa briga [candidatura], mas não me emocionei com a ideia
ainda”, relatou.
O ministro defendeu que o Brasil tem
responsabilidade por estar entre as 10 maiores democracias do mundo: “Isso aqui
não é lugar para brincadeira”. Também criticou a tomada de decisões dos três
poderes: “Se faz muita brincadeira no Brasil no âmbito do Estado, dos três
poderes. Muitas decisões são tomadas (…) superficialmente. Não se pensa nas
consequências”.
Se faz muita brincadeira no Brasil no
âmbito do Estado, dos três poderes Joaquim Barbosa, Ministro do STF
Questionado sobre se as penas aos
condenados no processo do mensalão foram muito pesadas, discordou: “ao
contrário”. Ele deu a entender que a Corte tem histórico de penalizar mais quem
chamou de “pessoas comuns”. “O Supremo chancela em habeas corpus coisas muito,
mas muito mais pesadas”, completou.
Ao conversar sobre racismo no Brasil,
Barbosa disse esperar que os presidentes nomeiem homens e mulheres negras “de
maneira natural” e que “não façam estardalhaço disso”. O ministro criticou
convites que Lula teria feito a ele quando era presidente para ir à África.
Entre outros motivos para a recusa, Barbosa entendeu que “era uma estratégia de
marketing para os países africanos”.
Ministro foi relator do mensalão
Barbosa foi o relator do processo do
mensalão, que acabou com a condenação de nomes importantes do PT, como José
Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.
O ministro foi nomeado à Corte em 2003
pelo então presidente Lula e atinge a idade de aposentadoria compulsória no
tribunal, 70 anos, em 2024.
Em novembro, quando completa a gestão
de dois anos como presidente do STF, ele será substituído na liderança da Corte
pelo ministro Ricardo Lewandowski.
Na entrevista ao canal, Barbosa
sinalizou que não deve esperar a aposentadoria para deixar a Corte: “Pretendo
ficar mais um ‘tempinho’, mas vou decidir o que fazer”.
Ministro pode se afiliar até 6 de
abril
Pela lei, Barbosa pode deixar o cargo
e se filiar a algum partido até 6 de abril (seis meses antes das eleições) caso
queira disputar algum cargo.
Pesquisa do Datafolha realizada em
fevereiro apontou que só uma eventual candidatura de Joaquim Barbosa e Marina Silva à Presidência poderiam forçar o 2º turno com Dilma. Barbosa já disse que não será candidato à Presidência. só uma eventual candidatura de Joaquim Barbosa e Marina Silva
à Presidência poderiam forçar o 2º turno com Dilma. Barbosa já disse que não
será candidato à Presidência.
Debates e provocações com colegas
Barbosa já entrou em debates
acalorados com colegas do STF. Ele acusou Lewandowski de fazer “chicana” durante sessão do julgamento do mensalão em agosto de 2013 – em termos
jurídicos, chicana é o ato de retardar um processo judicial com base em um
detalhe ou em um ponto irrelevante. A palavra também pode ser entendida como
“trapaça” ou “tramoia”.
Em fevereiro de 2014, sugeriu que o colega Luís Roberto Barroso, mais novo integrante do colegiado, tinha “voto pronto” sobre o mensalão antes mesmo de se tornar ministro. Também criticou os argumentos de Teori Zavacki e Barroso quando estes votaram pela absolvição de oito
réus do mensalão do crime de formação de quadrilha.
Foto
e Fonte: UOL. Postador: Manancial de Carajás
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