'Também
estou marcada para morrer', diz irmã de ativista assassinada no Pará
Moraes Filho da redação do Manancial de Carajás, com informações de: Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/04/130404_laisa_extrativistas_mdb.
Desde
que sua irmã, Maria do Espírito Santo, e seu cunhado, José Claudio Ribeiro da
Silva, foram assassinados em maio de 2011, Laísa Santos Sampaio sabe que pode
ser a próxima. E após o julgamento que terminou nesta quinta-feira e condenou
parcialmente os assassinos, seu temor se intensificou.
"'Se
forem condenados, você é a próxima'. Foi isso que eles me falaram na véspera do
julgamento. Eu recebi esse recado por meio de pessoas da minha comunidade, que
me avisaram para não voltar."
Laísa
conta que já recebeu ameaças dizendo que iam "varrer da região" todos
os membros de sua família. Mas, mesmo assim, ela diz que pretende voltar para
onde vive, o assentamento agroextrativista Praialta-Piranheira em Nova Ipixuna,
no sudeste do Pará. O local, onde sua irmã foi morta, costuma ser alvo de
grileiros.
"Eu
vou voltar porque lá é o meu lugar. E uma pessoa não pode simplesmente deixar
para trás as ideias em que acredita. Vou continuar nossa luta." Ela se
refere à luta que assumiu com mais afinco após a morte da irmã e do cunhado.
Ambos eram ativistas conhecidos na região por denunciarem a ação ilegal de
madeireiros e de grileiros na região.
No
julgamento que aconteceu em Marabá, os jurados absolveram o agricultor José
Rodrigues Moreira, acusado de ser o mandante do crime. Segundo a promotoria,
ele teria mandando matar o casal para que eles parassem de ajudar as famílias
que ali viviam e seriam expulsas com a efetivação do negócio.
O casal José Claudio e Maria do Espírito Santo |
"O
mais perigoso (Moreira) está solto. Vou conviver com ele diariamente. Para ir
para o lote dele, ele passa pelo meu. Para ir para rua, ela passa pela escola
onde trabalho", conta Laísa.
Diante
deste cenário, Laísa conta que gostaria de ter proteção permanente,
especialmente no caminho até a escola - o trajeto mais perigoso de seu dia.
De
acordo com a Secretaria de Direito Humanos da Presidência, ela está incluída em
um programa de proteção a defensores de direitos humanos.
Segundo
informações do órgão fornecidas à BBC Brasil, "ela é acompanhada
periodicamente pela Equipe Técnica Federal do Programa de Defensores de
Direitos Humanos da Secretaria e a proteção ocorre por meio de deslocamentos
com escoltas pontuais quando solicitadas pela senhora Laísa, feitas pela
polícia militar do Pará".
Laísa,
no entanto, afirma que essa proteção periódica não é a ideal. "A polícia
de Nova Ipixuna fica a 50 quilômetros do assentamento. Se algo acontecer
comigo, quando eles chegarem, eu já estou gelada".
Em
busca de melhorar sua proteção, Laísa embarcou nesta sexta-feira para Brasília
para discutir seu caso com a Secretaria de Direitos Humanos.
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