Dilma Rousseff foge de polêmica para manter paz com evangélicos
Visando manter o apoio do publico evangélico, a presidente Dilma
Rousseff (foto) quer que sua equipe fique longe da polêmica em torno do
deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP).
Moraes Filho da redação do Manancial de Carajás, com informações da Folha de São Paulo
A
presidente Dilma Rousseff pretende manter intocadas as legislações sobre aborto
e casamento gay, como prometeu em 2010. Mas o governo também não quer se
vincular à pauta dos evangélicos, que considera conservadora. No Palácio do
Planalto, a tônica na relação com as denominações pentecostais e
neopentecostais é uma só: manter uma "união estável".
De
olho nessa estabilidade, Dilma mandou sua equipe tomar distância da polêmica em
torno do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano
(PSC-SP). Críticas, se forem inevitáveis, devem ser feitas ao deputado e pastor,
jamais aos evangélicos.
Durante
os dois primeiros anos de governo Dilma, a relação do Planalto com as igrejas
evangélicas e católica tem sido pulverizada e distante. O diálogo é melhor com
as denominações protestantes tradicionais, como luterana, metodista e
presbiteriana.
Nas
pentecostais, caso da Assembleia de Deus (12,3 milhões de fiéis em 2010), e
neopentecostais, como a Universal do Reino de Deus (1,8 milhão), a relação é
mais difícil e vista por setores do Executivo como mais utilitarista.
Embora
com um rebanho muito menor, a Universal conquistou o Ministério da Pesca em
2012. Motivo: ajudar o PT na eleição municipal. Titular da pasta, Marcelo
Crivella tem sido um dos interlocutores, ao lado do colega Gilberto Carvalho
(Secretaria-Geral da Presidência da República), responsável formal pela ponte
entre Planalto e igrejas em geral.
A
nomeação despertou o interesse de outras denominações. Há algumas semanas, a
Assembleia de Deus tentou emplacar um fiel congressista do PR no Ministério dos
Transportes. Dilma, porém, optou por outro nome do partido, o ex-governador
baiano César Borges.
No
legislativo, a bancada evangélica costuma se unir em torno de temas caros à
religião, como casamento gay e aborto. Atrai, com isso, alas católicas e
congressistas de linha mais conservadora.
Também
há outra pauta comum, mas de reivindicação individual: a cobrança por
patrocínio público para eventos gospel, concessões de rádio e televisão e
pedidos de mais propaganda oficial nos veículos evangélicos.
Nas
demais demandas, como cargos, a negociação segue a liturgia tradicional dos
deputados e senadores da base do governo, o varejo.
Um
dos principais expoentes da bancada evangélica é o deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), embora seja da Sara Nossa Terra, muito menor que as outras igrejas.
Em
2010, ele foi um dos que ajudou Dilma a desarmar boatos de que a petista
liberaria, se eleita, o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo,
discussão explorada à época por seu adversário tucano, José Serra.
Dilma
já se posicionou a favor da descriminalização do aborto, mas mudou de ideia na
campanha eleitoral.
O
Palácio do Planalto espera que os dois temas não sejam centrais na disputa por
2014, o que diminuiria o peso das demandas evangélicas na corrida eleitoral.
Entre
os líderes com maior interlocução com o Planalto estão Manuel Ferreira e Paulo
Freire, ambos da Assembleia de Deus, e o próprio Marcelo Crivella.
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