FG News : Vaticano espera que novo papa freie avanço evangélico
Moraes Filho da redação do Manancial de
Carajás, com informações do Estadão
Jorge Mario Bergoglio - Papa Francisco |
O
Vaticano não disfarça: a escolha do primeiro papa latino-americano leva consigo
a esperança de que a nomeação interrompa o avanço dos movimentos evangélicos
pentecostais na região, que estariam ameaçando a base da Igreja no Brasil e no
restante do continente.
Segundo
o cardeal indiano, George Alencherry, a escolha de Francisco é um
"renovação e uma força para reviver a Igreja na América Latina" diante
do avanço de outros movimentos. O cardeal espanhol Carlos Amigo Vallejo diz que
este papa vai atrair a todos.
Já
o cardeal chileno, Javier Errázuriz Ossa, evitou dar indicações sobre se todos
os 19 eleitores latino-americanos no conclave votaram pelo argentino:
"Como é que eu vou saber?". Mas ele admitiu que a eleição do colega
de Buenos Aires era "um reconhecimento do papel do catolicismo na
região".
Para
o vaticanista Thomas Reese, a eleição de Francisco é um "grande sinal de
que a Igreja Católica não pode mais ser considerada como uma Igreja
europeia". "Mas também um reconhecimento de que a Igreja tem
importantes desafios para superar na América Latina", disse.
"Francisco terá muito trabalho nos países latino-americanos."
Política
Além
de frear o crescimento dos evangélicos, um papa argentino também deve reforçar
a influência da Igreja ante tendências e ideologias contrárias aos princípios
da Santa Sé adotadas por governos latino-americanos nos últimos anos.
Há
um mês, a reportagem do Estado revelou documentos da diplomacia americana em
que se escancarava os esforços da Igreja para influenciar crises e situações
políticas na Venezuela, Haiti, Honduras, Cuba e mesmo nas eleições no Brasil.
Não
por acaso, o dia nas embaixadas latino-americanas na Santa Sé foi destinado a
avaliar o impacto político da nomeação. "Nosso trabalho tem sido o de
avaliar como isso vai jogar no cenário político regional", indicou um
diplomata andino, que pediu para não ser identificado.
A
comparação mais lembrada é com João Paulo II, polonês, que foi peça fundamental
na história do Leste Europeu, não hesitando em atuar nos bastidores contra o
comunismo.
Jorge
Bergoglio adotou uma forte posição de defesa dos mais pobres e de críticas ao
FMI, temas que o aproximam de vários governos locais. Mas não hesitou em bater
de frente com o governo de Buenos Aires nos últimos anos, numa indicação do que
poderia ocorrer com outros países agora como papa.
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