Ao ouvir a
sentença, Beira-Mar não esboçou reação, mas garantiu que irá recorrer
Moraes Filho da redação do Manancial de Carajás,
com informações de O Globo
Ao ouvir a sentença, Beira-Mar não esboçou reação, mas garantiu que irá recorrer |
Julgado
durante esta terça-feira no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, Luiz
Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi condenado a 80 anos de prisão
pelos assassinatos dos também traficantes Antônio Alexandre Vieira Nunes e
Edinei Thomaz Santos, e pela tentativa de homicídio de Adaílton Cardoso de
Lima, o único que sobreviveu.
Ao ouvir a
sentença, por volta de 0h30m desta quarta-feira, o traficante não esboçou
reação alguma, mas garantiu ao juiz Murilo André Kieling Cardona Pereira que
irá recorrer. Fora a condenação desta quarta-feira, as penas contra Beira-Mar
pelos crimes cometidos no Rio chegam a 69 anos e seis meses de prisão. A marca
alcança 120 anos se computadas as decisões de outros estados.
Beira-Mar, de
45 anos, terá que cumprir a sentença inicialmente em regime fechado, segundo o
juiz. A pena foi dividida em 30 anos por cada homicídio e mais 20 anos por
tentativa de homicídio.
O criminoso
ordenou as mortes, no dia 27 de julho de 2002, de dentro do presídio de
segurança máxima Bangu 1, na Zona Oeste, onde estava preso na época. Os
executores não foram identificados.
Beira-Mar
negou que tenha orquestrado a morte dos três homens. O traficante disse, ainda,
que está estudando teologia, à distância, do presídio de Catanduvas (PR), para
onde foi transferido em setembro de 2012.
Beira-Mar
teria determinado os homicídios para vingar a morte de um de seus comparsas,
conhecido como Boné. Ele foi trazido na segunda-feira do Presídio Federal de
Catanduvas, onde está preso, e ficou em Bangu 1. Na terça-feira, ele chegou ao
prédio do Tribunal de Justiça de helicóptero.
O juiz
perguntou, segundo o G1, se o réu teria ordenado os homicídios. “Não, de forma
alguma”, respondeu. “Tanto que eu mandei socorrer o Adaílton, que era meu
olheiro”, disse sobre o sobrevivente, desaparecido após o crime e, portanto,
uma das testemunhas ausentes.
Na chegada ao
prédio do TJ, Beira-Mar foi recebido por parentes, mulheres e até crianças de
colo. Quando o traficante passou no corredor, crianças gritaram “Vovô! Vovô”.
Ele estava sorridente ao olhar para os parentes — também acenou para eles — e
assim permaneceu ao sentar no banco dos réus.
Júri teve medo
e julgamento foi transferido
O julgamento
seria realizado na 4ª Vara Criminal de Duque de Caxias, mas foi transferido
para o Tribunal de Justiça do Rio após componentes do júri terem relatado ao
juiz que tinham medo de participar da sessão.
Em decisão do
dia 17 de julho do ano passado, o desembargador Valmir de Oliveira Silva, da 3ª
Câmara Criminal, acolheu o pedido do juiz Paulo Rodolfo Maximiliano Torres, de
Duque de Caxias. “Há provas fundadas da influência do acusado no município, em
razão do poder intimidatório que ele desperta em Duque de Caxias por integrar
uma organização criminosa e ser acusado de vários crimes contra a vida. O temor
que toma conta dos jurados é compreensível”, argumentou o magistrado.
Crime foi
motivado por acerto de contas
O motivo do
crime foi um acerto de contas dentro da própria quadrilha de Beira-Mar. Antônio
Alexandre Vieira Nunes e Edinei Thomaz Santos faziam parte do bando do
criminoso e foram executados a mando do traficante dentro da favela Beira-Mar,
em Duque de Caxias. Adailton Cardoso de Lima conseguiu sobreviver. Segundo
ligações telefônicas interceptadas pela polícia na época, as três vítimas
teriam executado três pessoas sem autorização de Beira-Mar.
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