SOURE-PA
Presos
acusados de matar criança em ritual
O
menino teve o corpo praticamente todo queimado.
Moraes Filho da redação do Manancial de Carajás,
com informações da Agência Pará
Mauricio Silva, Maria Santos, Jurandir Santos e Carlos Santos |
Quatro pessoas foram presas nesta quinta-feira (14) em Soure, na ilha do
Marajó, acusadas da morte de um menino de 9 anos durante um ritual de
curandeirismo. O crime ocorreu em 12 de julho do ano passado. Os presos tiveram
mandados de prisão preventiva decretados pela Justiça local em decorrência de
inquérito instaurado para apurar a morte da vítima.
Os presos são Jurandir Santos dos Santos,o “Jura”; Carlos Edinelson
Santos Silva, conhecido como “Deco”; Maria Auxiliadora dos Santos, avó paterna
da criança, e Maurício Augusto Santos Silva, pai do menino. Uma quinta pessoa,
Edileusa Mamede Felipe, responsável pelo banho com combustível que gerou as
lesões e morte da criança, também teve mandado de prisão decretado e está
foragida.
O menino teve o corpo praticamente todo queimado. Segundo o delegado
Arilson Caetano, superintendente da Polícia Civil nos Campos do Marajó, após o
crime, a família tentou sepultar o corpo ilegalmente. O fato foi alvo de
denúncia anônima feita à Polícia Civil de Soure e ao Conselho Tutelar, que
enviaram agentes à casa dos pais onde a criança era velada.
A vítima foi lesionada por volta das 15 horas de 12 de julho de 2012 e
morreu por volta de 23 horas do mesmo dia, segundo relato das testemunhas. O
menino teve 90% do corpo queimado. “Mesmo neste estado, os curandeiros e
parentes da criança, que tiveram contato com a vítima,deveriam e podiam ainda
tê-la socorrido, mas negligenciaram o atendimento, fato que foi fundamental
para o óbito”, ressaltou Arilson Caetano.
Ritual
– Segundo as informações levantadas no inquérito policial, são
apontados como curandeiros Jurandir, Carlos Edinelson e Edileusa, que deram o
banho na vítima com combustível e depois tocaram fogo no menino. O ritual
aconteceu na casa de Edileusa, na 4ª Rua com Rodovia do Pesqueiro, centro de
Soure. No esquema do curandeirismo, “Jura” seria o guru e “Deco”, o outro
acusado, atuava como aprendiz.
O menino foi levado ao local pela avó paterna, Maria Auxiliadora, sob alegação
de que ele estava com alucinações e ouvindo a voz de uma pessoa que o
perseguia. O pai do menino, Maurício Augusto, chegou ao local logo após a
ocorrência das lesões, porém sequer prestou socorro ao filho e ainda levou a
criança para velar em casa, a pedido dos curandeiros. Os pais da criança são
separados e a vítima vivia com o pai.
“Todos, segundo a lei, são responsáveis pela morte da criança, pois
deveriam socorrê-la, sob pena de arcar com o resultado do crime na forma
dolosa. Mesmo assim, eles assumiram o risco de causar a morte, para acobertar o
crime praticado pelos curandeiros”, salientou o delegado.
Ainda está em apuração o registro de óbito da criança, pois os autores
da comunicação da morte da criança no cartório fizeram inserir registro de
dados falsos na certidão de óbito. Os acusados foram presos em casas diferentes
na cidade de Soure. Todos estão recolhidos à disposição da Justiça.
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