'The Economist' critica 'contabilidade criativa' do
Brasil
A
admiração da opinião pública internacional pela economia brasileira parece cada
vez menor.
Moraes Filho da redação do Manancial de Carajás, com informações do Estadão
LONDRES - Na edição que chega nesta
quinta-feira às bancas na Europa, a revista The Economist lança mais uma série
de duras críticas ao governo de Dilma Rousseff.
Ao questionar os recentes
artifícios usados pela equipe econômica nas contas públicas, a revista diz que
"a mudança na meta (de superávit primário) seria uma alternativa melhor do
que recorrer à contabilidade criativa".Com o título Números errados, a
reportagem da revista diz que os dados econômicos "decepcionantes"
não param de ser divulgados no Brasil.
Depois do fraco Produto Interno Bruto
(PIB) apresentado em novembro, o governo de Dilma Rousseff agora "admite
que só atingiu a meta de superávit primário" após "omitir algumas
despesas em infraestrutura", "antecipar dividendos de estatais"
e "atacar o fundo soberano".
Além disso, a revista diz que outra má notícia veio com a
inflação que, agora, traz ainda mais "escuridão" ao cenário. Para a
"Economist", se o governo não tivesse segurado os preços da gasolina
e do transporte público, a inflação de 2012 teria chegado "mais perto de
6,5%", o teto da meta do regime de inflação no Brasil. "Em 2013,
esses preços tendem a subir", diz a reportagem.
Para a revista, a resposta do governo brasileiro ao
cenário negativo alimenta temores de que o Brasil pode estar ingressando em um
período de inflação mais alta com crescimento baixo. "Atingida pela
crítica, Dilma Rousseff ressalta que o Brasil ainda cresce mais rápido que a
Europa. Isso é verdade, mas a maioria das outras economias emergentes,
incluindo a América Latina, está melhor", pondera a publicação.
A manobra nas contas públicas desaponta, diz a revista,
mas não chega a ser uma surpresa. A reportagem lembra que a equipe econômica já
usou expediente semelhante em 2010 em uma "complicada troca de títulos
entre o Tesouro Nacional e a Petrobrás" que "magicamente adicionou
0,9% do PIB ao superávit". "Provavelmente, o Brasil poderia executar um
superávit primário menor sem arriscar sua reputação duramente conquistada com a
sobriedade fiscal. Mudar a meta seria uma maneira melhor de fazer isso do que
recorrer à contabilidade criativa".
A revista demonstra, ainda, preocupação com um possível
enfraquecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O risco, diz o texto,
é que com uma eleição presidencial em 2014 "as autoridades farão o que for
preciso para atender sua previsão de crescimento de 4% este ano".
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