Em
pronunciamento ontem (27), no plenário da Câmara dos Deputados, o
deputado federal Wandenkolk Gonçalves (PSDB-PA) anunciou que propôs, à
Presidência da Câmara, a criação de uma Comissão Temporária para apurar a
escalada da violência e o acirramento dos ânimos no garimpo de Serra
Pelada, no município de Curionópolis (PA).
O deputado defende a criação da comissão de deputados
também para verificar o contrato entre a Cooperativa dos Garimpeiros de
Serra pelada (Coomigasp) e a empresa canadense Collossus Minerals, além
do destino do ouro extraído de Serra Pelada e a falta de contrapartida
da Vale em infraestrutura na região.
Wandenkolk sugere que o grupo de parlamentares
analise a situação dos trabalhadores em Serra Pelada. Segundo o
parlamentar, se nenhuma providência for tomada, o local servirá de palco
para novas tragédias. “Se não tomarmos uma providência em caráter de
urgência, as mortes que já aconteceram no passado entre garimpeiros numa
luta fratricida vai continuar acontecendo”, advertiu.
De acordo com o deputado, atualmente dezenas de
caminhões e caçambas saem das minas de ouro sem qualquer fiscalização.
Para ele, é necessário averiguar quais interesses estão envolvidos e
quem deve realmente ser beneficiário do ouro remanescente em serra
Pelada e que nos dias de hoje só pode ser extraído por via mecânica.
“Precisamos dar uma resposta mais rápida, clara e objetiva de quem
realmente é o ouro de Serra Pelada. São de 38 mil garimpeiros ou de meia
dúzia de representantes internacionais?”, indagou.
Sobre Belo Monte, o parlamentar criticou a falta de
investimentos em infraestrutura em Altamira, município próximo ao
canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Gonçalves diz que
as benfeitorias não passam de maquiagem. “É um cala boca, uma
enganação. É um me engana que eu gosto.
Coloca um carrinho aqui, uma
ambulância acolá, uma escola para cá, pinta-se uma igreja. E não saímos
do processo de atraso”, criticou.
Outro ponto destacado por Gonçalves foi a falta de
contrapartida por parte da Vale. Para ele, a empresa retira o minério da
região e importa pobreza para o Pará, ao levar mão de obra
desqualificada para o local. “Infelizmente vivemos uma contradição.
Enquanto a Vale fica cada vez mais rica, o nosso povo fica cada vez mais
pobre”, pontuou.
Ele também criticou o baixo recurso destinado para
melhorar a pesca no estado, que é o segundo maior produtor de peixe do
país. Gonçalves cobrou mais investimentos do governo federal para fazer a
reforma agrária na região e o fim dos conflitos entre fazendeiros e
sem-terra.
Mor aes Filho, da redação do Manancial de Carajás
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