Responsável
pelo processo que apura fraudes milionárias na Assembleia Legislativa
do Pará (AL), o juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública da Capital, Elder
Lisboa, vai disponibilizar hoje à Corregedoria e à Presidência do
Tribunal de Justiça do Pará a quebra dos seus sigilos bancário e
telefônico.
Lisboa informou que vai entregar uma lista
com todas as linhas usadas por ele e por assessores para que possa ser
verificado se houve algum contato de um advogado identificado, até
agora, como Paulo Hermógenes, acusado pelo senador Mário Couto (PSDB) de
ter tentado extorqui-lo usando o nome do juiz.
Elder Lisboa informou também que vai enviar
ofício ao Ministério Público do Estado solicitando que o advogado seja
encontrado e chamado a prestar depoimento. Também hoje, Lisboa deve
comunicar o caso à Polícia Federal. Vai pedir uma varredura em seus
telefones e tomará medidas para reforçar sua segurança.
Mário Couto é réu em três ações de
improbidade que apuram o desvio de quase meio milhão de reais da AL.
Parte das fraudes investigadas teria ocorrido no período em que o hoje
senador presidia a casa. No último, domingo, Couto divulgou gravação de
uma conversa entre ele e o advogado Paulo Hermógenes.
No diálogo -
gravado por Couto - os dois tratam do pagamento de R$ 400 mil que seriam
repassados ao juiz para que o senador e a filha - a deputada Cilene
Couto - fossem excluídos do processo.
Na gravação, o advogado informa ter relação
de amizade com Elder Lisboa. Diz que a aproximação ocorreu por meio da
mulher dele que é corretora de imóveis e que teria prestado serviço da
venda de uma casa ao juiz. Também garante que o valor de R$ 400 mil
teria sido definido pelo próprio magistrado que não aceitava baixar a
propina para R$ 300 mil, como chegou a propor Mário Couto na gravação.
Ontem, ao DIÁRIO, Elder Lisboa disse que não
conhece nenhum advogado com o nome de Paulo Hermógenes e garantiu que
jamais autorizou qualquer contato com o senador. “Nunca dei sequer bom
dia (a Couto). O vi uma vez em voo vindo de Brasília e o conheço pelos
jornais, mas nunca nos cumprimentamos e não conheço esse advogado”,
afirmou o juiz, garantindo que vai pedir a apuração do caso. “Tenho uma
biografia a zelar. São 20 anos de magistratura. Tenho a consciência de
que agi de maneira correta. Quero e vou provar minha inocência”, disse.
Com base na gravação com o advogado, o
senador informou que pretende pedir, ainda hoje, ao Tribunal de Justiça
do Pará, a suspeição de Elder Lisboa. Se aceito, o pedido terá o efeito
prático de afastar Lisboa do caso com a nomeação de outro juiz para
comandar o processo. Além disso, até que a ação do senador seja julgada,
o processo ficará suspenso. Elder Lisboa não quis comentar o possível
pedido de suspeição.
Foto e Fonte: (Diário do Pará). Postador: Manancial de Carajás
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