MPF denuncia militar acusado de sequestro durante guerrilha
Major da reserva é acusado de sequestrar guerrilheiro do Araguaia.
Ação tramita na Justiça Federal de Marabá
Segundo a procuradoria, Divino foi emboscado por uma equipe comandada pelo major em outubro de 73, durante a "Operação Marajoara". Houve troca de tiros e três guerrilheiros foram executados. Divino, que sobreviveu ao confronto, foi levado para a base militar Casa Azul, em Marabá, sufoeste do estado, onte ele teria sido torturado e posteriormente desaparecido.
De acordo com o MPF, o acusado teria reconhecido os crimes em depoimento prestado na Justiça Federal do Rio de Janeiro em 2010. A denúncia contra Lício é assinada pelos procuradores da República Tiago Modesto Rabelo, André Casagrande Raupp, Melina Alves Tostes e Luana Vargas Macedo, de Marabá, Ubiratan Cazetta e Felício Pontes Jr., de Belém, Ivan Cláudio Marx, de Uruguaiana, Andrey Borges de Mendonça, de Santos e Sergio Gardenghi Suiama e Marlon Alberto Weichert, de São Paulo.
Crimes permanentes
O Major Lício é o segundo militar denunciado pelo MPF por conta de violações dos direitos humanos. Anteriormente, a procuradoria já havia movido ação penal contra Sebastião Curió, mas a denúncia não foi aceita na Justiça Federal de Marabá.
O MP recorreu, alegando que os crimes cometidos durante o período da ditadura militar no Brasil não prescreveram nem foram anistiados, por serem crimes permanentes já que o paradeiro das vítimas ainda não foi localizado.
Entenda o casoA Guerrilha do Araguaia foi um movimento existente ao longo do rio Araguaia, entre as décadas de 60 e 70. Criado pelo Partido Comunista do Brasil (PC doB), tinha como objetivo realizar uma revolução socialista, que seria iniciada no campo, usando como exemplo as revoluções ocorridas em Cuba e na China.
O governo da ditadura brasileira combateu os guerrilheiros a partir de 1972, quando vários dos integrantes já haviam se estabelecido na região há pelo menos seis anos. O confronto aconteceu na divisa dos estados de Goiás, Pará e Maranhão, próximo às cidades de São Geraldo do Araguaia e Marabá, no Pará, e Xambioá, em Tocantins.
Atualmente, o Governo Federal estima que o movimento era composto por cerca de oitenta guerrilheiros, sendo que destes, menos de vinte sobreviveram.
Postador: Manancial de Carajás
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