terça-feira, 1 de maio de 2012

Instalação de Belo Monte altera rotina de moradores de Altamira



Em menos de um ano, o município de Altamira teve sua rotina mudada com a instalação do canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Se, por um lado, o comércio teve muito a comemorar, por outro, o inchaço populacional deixou evidente a falta de planejamento para esse crescimento.

“Aumentar meu lucro em 80% é ótimo, mas o aluguel ter aumentado de R$ 400 para R$ 1,5 mil é péssimo”, resume Darlene Peres Monteiro, de 28 anos, dona de uma lanchonete na cidade. Na opinião do gari Adir Ribeiro dos Santos, de 42 anos, Altamira ficou mais suja. “A sujeira da cidade aumentou em mais de 80%. Agora, tenho de fazer o mesmo trajeto de limpeza três vezes por dia para deixar as ruas do jeito que ficavam antes”, avalia.

“Infelizmente as pessoas que vieram de fora costumam sujar a cidade mais do que os antigos moradores”, disse o gari ao apontar em direção à Rua 1° de Janeiro. “É lá onde fica um dos refeitórios dos trabalhadores que estão na cidade. Eles saem de lá e jogam os pratos e copos descartáveis no chão”, lamenta Adir.


Gari Adir Ribeiro dos Santos, de 42 anos

 “Em menos de seis meses, dois colegas meus, que também trabalham na limpeza, foram atropelados. Antes o trânsito era mais solto. Agora não tem mais espaço, e os carros ficam a toda hora tirando fino da gente e desrespeitando a sinalização”.


Comerciante Jaciléia Xavier de Melo, de 31 anos

 “Os bancos daqui já eram uma tragédia. Agora são um inferno”, corrobora a comerciante Jaciléia Xavier de Melo, de 31 anos.
A situação poderá ficar ainda mais crítica quando os salários dos operários passarem a ser creditados nessas instituições financeiras. Mas isso, de acordo com a Norte Energia, poderá ser amenizado caso a empresa consiga instalar agências bancárias nos canteiros de obra. Isso depende, ainda, de autorização do Banco Central.

“A energia da cidade também piorou. Toda semana falta energia em diversos pontos. Já a água, que era uma negação, conseguiu ficar ainda pior”,acrescentou Jaciléia. A água é um dos principais problemas de Altamira, segundo o diretor de Enfermagem do Hospital Santo Agostinho, Renato da Silva. Ele explica que não há tratamento de água na cidade como um todo, o que torna “muito comum”, a ocorrência de infecções intestinais.

Jaciléia aponta algumas vantagens trazidas pela obra. “Além da sinalização da cidade, melhoraram as escolas, depois que a empresa [Norte Energia] ampliou o número de salas, montou a sala de informática e ampliou os livros da biblioteca [no Colégio Antônio Godin Lins]. Isso deixou minha filha mais motivada para ir à escola, melhorando em vários aspectos seu rendimento”.

Apenas para atender ao Projeto Básico Ambiental, a Norte Energia diz já ter investido R$ 175 milhões em ações de saúde, educação, segurança, saneamento e infraestrutura em todos municípios localizados na área de influência da usina.

Tendo como base dados da saúde e da limpeza de Altamira, o secretário de Planejamento do município, Carlos Bórtolli, disse  que a população cresceu de 99 mil habitantes, em 2010, para algo entre 143 mil e 148 mil habitantes em 2012.

Ele argumenta que todos os problemas apontados pela população têm a mesma origem. “Faltaram medidas adequadas para o boom populacional disparado por Belo Monte. Isso deveria ter sido mais bem planejado por parte do Estado e da Norte Energia. Tão bem ou melhor do que o projeto e a engenharia dedicados à usina”.

 Foto e Fonte:  com informações da Folha do Bico   Postador:  manancial de carajas

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