Santarém vive clima de clássico de futebol
Às vésperas do Plebiscito, Santarém respira o SIM
Em Santarém, cidade de quase 300 mil habitantes situada no encontro dos rios Tapajós e Amazonas, a campanha contrária à divisão do Pará inexiste. Às vésperas do plebiscito sobre a criação de dois novos Estados, marcado para domingo, não se vê uma única bandeira, cartaz ou panfleto do grupo defensor da manutenção do atual território, que tem em Belém seu centro de operações.
Já os sinais de apoio aos separatistas estão em carros, barcos, casas, lojas e até igrejas da cidade que postula o status de capital de Tapajós caso a divisão do Pará seja aprovada. A minoria que prefere a atual configuração geográfica e administrativa é discreta, até porque algumas manifestações públicas já causaram tumulto.
‘Um rapaz de Belém foi ao mercado com a camisa do ‘não’ e saiu de lá com as roupas todas rasgadinhas’, disse Carlos Ferreira, motorista de táxi que voltou a morar recentemente em Santarém, depois de uma estada de mais de dez anos em Manaus. ‘É uma rivalidade como Corinthians e Palmeiras, só que aqui somos todos corintianos, todos pelo sim’, explicou.
No último dia 1.º, o santareno Cândido Cunha relatou ter sido ameaçado depois de dar uma entrevista ao Jornal Nacional na qual se manifestou contra a divisão do Estado. Segundo ele, dois homens – um deles, policial civil – o abordaram na rua e o ofenderam com palavrões.
Os separatistas já conseguiram fazer uma carreata em Belém, valendo-se do fato de que vivem na capital muitos imigrantes do interior, simpatizantes da causa. Mas eles também enfrentam manifestações de intolerância.
‘A campanha do ‘não’ está nos mostrando como traidores do Pará’, disse ao Estado a prefeita de Santarém, Maria do Carmo (PT). ‘Estou muito preocupada com o dia seguinte ao plebiscito, seja qual for o resultado.’
Para a prefeita, que participa da coordenação política da frente separatista, é compreensível que a campanha pelo ‘sim’ tenha total preponderância na cidade. ‘O anseio pela criação de Tapajós é muito antigo. Esse nosso espírito separatista tem mais de 150 anos, desde a época em que quase toda a Amazônia estava unificada no chamado Grão-Pará’, disse.
10/12/2011
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